REFLEXÕES

O amor para as pessoas inteligentes

Como é o amor para as pessoas inteligentes? A ciência, sempre interessada nesta dimensão, mostrou que, em média, ter esse perfil não aumenta a probabilidade de encontrar um parceiro afetivo. São mais analíticos, independentes, exigentes… Quando encontram alguém próximo de suas expectativas, o vínculo que podem criar é muito forte e satisfatório.

Para quem procura um livro sobre esse assunto, não há proposta mais esclarecedora, e por sua vez mais divertida, do que “O Tao dos Namoros” (tradução livre), do professor de filosofia de Harvard, Alex Benzer.

Ele explica, a partir de um ponto de vista irônico, por que as pessoas inteligentes tendem a ter relacionamentos menos duradouros. Tal como o próprio autor revela, nem tudo o que reluz é ouro, e ser brilhante do ponto de vista intelectual não se traduz necessariamente em sucesso, especialmente em alguns planos.

“A inteligência e o bom senso abrem caminho com poucos artifícios.”
-Johann Wolfgang von Goethe-

Pessoas inteligentes ficam entediadas facilmente e às vezes até entediam os outros com seus interesses e paixões únicas. São esquecidos, procastinadores, difíceis de entender, altamente exigentes (e autoexigentes) divagam facilmente, sofrem de constantes crises existenciais e, por último mas não menos importante, possuem um termômetro emocional que oscila desde a sensibilidade mais requintada ao mau humor mais explosivo.

Não são exatamente fáceis, não há dúvidas. No entanto, todos nós, sem levar em conta o nosso QI, também apresentamos nossos cantos, cavidades e bordas singulares. Em questões do coração, nem tudo é harmonia e flechas à primeira vista. Nós sabemos disso. No entanto, do ponto de vista científico, o que as pessoas inteligentes têm em comum quando se trata de viver o amor tem sido tradicionalmente objeto de atenção.

Assim, temos vários estudos sobre como funciona o amor para as pessoas inteligentes. Vamos vê-los.

Como é o amor para as pessoas inteligentes?

A maioria assume que é muito difícil ser brilhante do ponto de vista intelectual e desfrutar, ao mesmo tempo, de relacionamentos afetivos felizes, estáveis ​​e satisfatórios.

Não é fácil encontrar alguém igual, uma pessoa com o mesmo potencial intelectual, as mesmas paixões e singularidades cognitivas. No entanto, às vezes nos deixamos levar por estereótipos e suposições sem nos permitir perguntar um pouco mais, sem consultar o lado científico.

Em primeiro lugar, há pessoas com um alto QI que estabelecem compromissos satisfatórios. Além disso, algumas pessoas não precisam de um parceiro afetivo com uma mente excepcional para se apaixonar e participar de um relacionamento sólido.

A conexão emocional é suficiente. Em muitos casos, para que o amor nasça, é suficiente contar com alguém capaz de enriquecer pontos de vista, com facilidade de se complementar e que, de uma forma ou de outra, estimule seu crescimento. Para entender como é o amor para as pessoas inteligentes, podemos nos referir a um trabalho realizado pelo psicólogo holandês Pieternel Dijkstra e sua equipe em 2017.

Buscam pessoas que vejam o mundo da mesma maneira

Perfis com alto QI têm uma concepção muito clara do mundo. Seus ideais, sua filosofia e seu gosto pelo transcendental são às vezes muito altos, de modo que não toleram certas abordagens, comentários banais ou desconsideração por certas áreas do saber e do conhecimento. Gostam das pessoas envolvidas, personalidades com as quais se desviam por interesses comuns, por objetivos semelhantes.

Portanto, não é nada fácil encontrar pessoas que, sem precisarem ser muito inteligentes, sejam brilhantes em termos de ideais, sensibilidades. Por isso, às vezes é tão comum que esse perfil seja frustrado em questões emocionais. Tantas decepções e tentativas fracassadas os levam a preferir sua solidão e independência. Seu desejo seria encontrar um parceiro para ter afinidades mais profundas e transcendentais, aquelas que vão além do intelecto.

As pessoas inteligentes e o apego inseguro

O professor Pieternel Dijkstra descobriu algo interessante neste estudo. Entre todas as pessoas com alto QI que entrevistaram e analisaram ao longo de vários anos, uma boa parte delas tinham um apego inseguro. O que isso significa e que implicação tem a um nível afetivo?

– São pessoas que, em alguns momentos, se mostram próximas e carinhosas e depois mostram frieza emocional.
– Também apresentam uma grande insegurança nessa questão de relacionamentos. Temem que, no fundo, sejam abandonados ou traídos, por isso, às vezes, ficam obcecados com certas nuances, analisam qualquer gesto, tom de voz, contradição, etc.
– Temem o abandono, mas, ao mesmo tempo, quando a outra pessoa precisa deles, podem mostrar rejeição ou distância. Este é um aspecto complexo que uma parte (não toda) da população com altas capacidades intelectuais apresenta.

Quando o intelecto é combinado com a inteligência emocional: sucesso nos relacionamentos

Apontamos para isso no início: o amor às vezes pode ser tão satisfatório quanto estável para as pessoas inteligentes. Isso acontece em pessoas que combinam um alto potencial intelectual com uma boa inteligência emocional. Podemos acrescentar outra condição: encontrar alguém com as mesmas perspectivas, com aquelas afinidades com as quais harmonizar vidas e projetos.

O amor não é suficiente nestes casos; em primeiro lugar vem esta correspondência em objetivos, em filosofias pessoais, em metas, em valores, em uma implicação com a qual se permitir crescer juntos em uma aspiração comum. Quando isso acontece, o casal é altamente eficaz. São bons em administrar seus conflitos e discrepâncias. Lidam muito bem com o respeito, a comunicação e, ao mesmo tempo, são casais que desfrutam de um alto senso de humor.

Como vemos, o amor não é impossível nesses perfis de alta capacidade: não estão condenados a relacionamentos infelizes e efêmeros. Há sempre uma pessoa adequada, alguém capaz de enriquecer igualmente seu intelecto e seu coração.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa

A Soma de Todos Afetos

Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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