Assisti a um filme esses dias que me chacoalhou por dentro. Fez-me pensar sobre quem somos, quem achamos que somos, e o caminho que seguimos.
O filme se chama “As sufragistas”. Retrata algumas das mulheres que participaram do movimento de mesmo nome na Inglaterra, visando alterar a lei a fim de que o voto para mulheres fosse permitido. É uma história de garra e coragem, que me emocionou muito.
Nós temos uma ideia do que sofreram nossas antepassadas para garantir este direito que hoje tantos desprezam ou ignoram, mas vendo o sofrimento, os sacrifícios que ela tiveram que fazer em nome dele, não tem como não haver lágrimas nos olhos.
Porém, o que mais me impactou na história foi a forma como elas foram sendo levadas ao movimento. Ao menos as moças mostradas no filme, nenhuma nasceu e cresceu querendo enfrentar o sistema, combater as injustiças, simplesmente chegou um momento na vida de cada uma delas em que não mais foi possível suportar tantas injustiças.
Acredito que seja assim na vida de cada um de nós. Chega um momento em que as injustiças ficam insuportáveis. E não estou falando somente das grandes injustiças, das questões universais de gênero, cor, raça, religião.
Estou falando das injustiças que chegam batendo à nossa porta, rodeando nossas vidas, aquelas que definitivamente não há como não se levantar e fazer alguma coisa.
Tudo isso me lembrou da situação em que se encontra nosso país atualmente e pensei que sim, era preciso chegar a esse nível de injustiça e degradação moral para que todos, como nação, se mobilizassem.
Foi preciso que a injustiça batesse à porta de todos – pobres e ricos, para que as pessoas começassem a acordar e a dizer: aqui não!
Felizmente, ou infelizmente, toda grande transformação começa assim. Há uma insatisfação geral que incita as pessoas a saírem de suas conchas e a se envolverem nas questões, as quais pensaram que jamais se envolveriam.
Foi assim no caso das sufragistas, que abriram as portas para as outras mulheres – e alguns homens, para que se levantassem e fossem apoiá-las.
Está sendo assim aqui e agora, no Brasil. Os olhos não estão mais fechados. E o que é melhor, não há mais volta.
Acredito que quando nos levantamos contra uma injustiça, seja ela do tamanho que for, afinal, injustiça é injustiça, todos temos a ganhar.
Pode ser que demore, mas não tenho dúvidas de que depois que se chega ao fundo do poço, o único caminho é para cima. As sufragistas estão aí de prova.
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