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A você, que se foi quase sem dizer adeus

A você que se foi quase sem dizer adeus, que depois de tanta coisa, reduziu tudo a algo insignificante. Ainda sigo sem entender como é possível passar do calor para o frio em questão de segundos. Como um olhar pode perder o brilho em um único dia e as palavras que antes construíam podem se tornar tiros em meu coração?

A você, sim. Em que momento você mudou de opinião? Por que eu fui muito ignorante e não percebi. Como foi possível eu continuar acreditando que o que tínhamos era autêntico e verdadeiro? Por que você não me avisou quando começou a perceber que o nosso mecanismo de segurança já não nos protegia?

Provavelmente ficarei sem respostas, com milhares de dúvidas e com o sentimento de culpa me esmagando. Um dia pensarei que fui eu, em outro talvez pensarei que foi você, nós, ou simplesmente o tempo e a rotina. E em outros dias me darei conta de que dar voltas nisso não serve para nada além de me causar mais angústia, mais sofrimento e, é claro, para mantê-lo mais vivo, mesmo que seja apenas nas lembranças.

A você, que se foi quase sem dizer adeus. Que me abandonou de uma vez e me ofereceu a incerteza como resposta. Em que momento você mudou de opinião?

A você, que foi tudo e se transformou em nada em questão de segundos

A você, sim. Que imaginava comigo o futuro enquanto esboçava um sorriso. Que me fez sonhar com viagens, momentos únicos e apoio incondicional. Que me incluía em seu dia a dia, em seus novos projetos e até mesmo em suas fantasias.

De fato, você alimentava os nossos sonhos mais do que eu, você me relembrava do quão bonito era aquilo que tínhamos e dizia que nada nem ninguém nos superaria. Foi você quem me disse que tudo que precisava era o que eu fazia você sentir. Às vezes calma, outras paz, tranquilidade, paixão e vontade. Superação e motivação, mas principalmente valorização.

Eu me recuso a pensar que você foi capaz de apagar tudo de uma vez. Não somente o que dizíamos um ao outro, mas também aquilo que transmitíamos através de gestos e abraços. O desejo de conquistar o mundo, de sentar juntos no sofá de olhos fechados, de segurarmos as mãos um do outro, de nos beijar, de tirar a roupa, de fazer piadas por horas, de dar mordidas e nos agarrarmos na cama a milímetros de distância para termos certeza de que íamos acordar juntos pela manhã. Eu me recuso.

Talvez tenha sido assim, também não vou descartar tudo isso, mas é difícil acreditar que os momentos felizes que tivemos se dissiparam da noite para o dia. Me chame de incrédula ou ignorante, mas os sentimentos comandam e eu tenho o péssimo costume de sempre me render a sua evidência.

“O que não arrisca não… nada. Nem perde, nem ganha; nem sofre, nem ama.”
– Pablo Arribas –

A você, que se foi sem dizer adeus e que não ficou para lutar, optando por abandonar

A você, que se foi quase sem dizer adeus. Esta carta é para você, estas letras inspiradas em um amor que parecia não ter fim.

Ainda não consigo entender como esta rachadura apareceu, esta falta de vontade e o fato de querer acabar com tudo que nos mantinha unidos. Mas o que mais me mata por dentro é a incerteza de não saber seus motivos, de nem sequer ter tentado, sendo esta a primeira vez que a tempestade nos atingiu.

Lutar é a força que sustenta a coluna vertebral dos casais, pelo menos daqueles que cresceram a partir de um bem-estar e que não se deixam abandonar tudo de uma vez. Daqueles que sabem que da união faz-se a força, que os sonhos se apagam quando o amor evolui, mas que pode voltar a incendiar a alma.

Me perdoe, mas eu não entendo. É impossível fechar algo sem uma chave, sem um cadeado… que você decidiu deixar aberto. E é mais difícil ainda quando a opção de sentar e conversar, esclarecer o que aconteceu, nem passa pela sua cabeça.

Agora, não pense que eu não me arrependo de todo o mal que lhe fiz. Sei que em algum momento meus atos não corresponderam com o que você esperava, mas a verdade é que eu precisava que você me dissesse. Eu não sou perfeita. Uma palavra, um gesto, um pequeno sinal… algo que me indicasse como você se sentia diante da ingenuidade dos meus atos. Eu não tenho uma varinha mágica, infelizmente.

Quero pedir perdão a você, pois lhe fazer mal não foi minha intenção. Sinto muito se foi assim, mas eu continuo sem entender esta situação brusca. Se pelo menos tivesse existido algum conflito anterior, seria mais fácil de entender, ou se tivéssemos arrastado este mal-estar por muito tempo. Mas no mesmo dia você segurou a minha mão, disse que me amava e que eu fazia parte dos seus sonhos… para deixar tudo para trás à noite.

A você, sim. Que se foi quase sem dizer adeus. Eu me dirijo a você porque a sua ausência me causa dor, me fere e faz a sensação de vazio crescer e se tornar cada vez mais ampla. Porque eu te amo, sinto saudades e você faz falta.

“Todo mundo tem uma cabana no coração onde busca refúgio quando está chovendo muito forte lá fora”.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa

A Soma de Todos Afetos

Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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