Deus me deu o dom da escrita, pra traduzir essa nossa loucura do sentir. E eu não o faço se não pelo prazer. Pela ousadia de te fazer transcender a realidade dura e que, por vezes, sufoca.
Desculpe-me se eu só sei falar de amor, é que fui gerada e criada com tal zelo, que não sei palestrar outra coisa. E ao, finalmente, encontrar o merecedor desse excesso de amor, eu transmito não o que me completa, mas aquilo que me transborda.
Precisei pisar em cacos pra enxergar a benevolência no pior dos meus dias.
Eu não tive sorte, acontece que eu não desisti.
Abafei as infestações de cada uma de minhas plantações; fotografei com a lente invisível dos dias, somente o bonito das colheitas e guardei; me dirigi ao meu Mestre guardião e condutor, e segui viagem em cada uma das decepções, fraca, doída, sabendo que Alguém me carregaria no colo se a estrada fosse íngreme demais.
Eu não desisti. Não desisti de acreditar no amor. Não desisti de acreditar que um dia, as características desenhadas à sonhos, chegaria até mim em forma de gente. E continuo acreditando que esse alguém, de fato, merece minha confiança.
“Como você sabe? Acreditou outras tantas vezes e só colecionou desilusão.”.
Quando é de Deus a gente sabe. Porque o que d’Ele vem à nós, nos afaga. Não atropela, chega dando abrigo. Flui. O que é de Deus não empoça. O que é de Deus traz uma paz inigualável e inexplicável. Um pedacinho do paraíso na Terra.
Cada uma das pessoas que eu jurei amar, trouxe uma característica admirada por mim. E em cada uma delas eu me aperfeiçoei nas confusões e embaraços. Nenhuma me era completa, e eu cobrei a plenitude. Doeu. Mas, entendi os finais. Me desloquei até me achar completa demais para qualquer migalha vaga.
Até que de tanto vagar perdida, tropecei numa dança, num violão, numa voz, num arrozinho com feijão apetitoso, numa gargalhada confundida com a minha, num romantismo combinando com o meu, numa música cantada e dedicada com afeto, num gostar de estar ali só pela presença, num respeito épico, num enaltecer esplendoroso, e num olhar que me sinalizou:
“Você chegou ao seu destino. Aqui é seu presente e futuro. O meu coração tem exatamente o seu tamanho e te acolhe no mais infinito afago!”
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