Por causa da nossa natureza humana ainda extremamente apegada e conectada ao nosso EGO, um sentimento comum que nos acomete é a OFENSA. É muito fácil se sentir ofendido e por causa desse sentimento queremos reagir com agressões verbais ou físicas a pessoa que nos ofendeu.
Essa é a pergunta: “É possível nunca se sentir ofendido?”. Essa é uma pergunta bem difícil, porém, ela tem uma resposta sim. É POSSÍVEL.
Mas como? O que fazer para nunca se sentir ofendido? Vou explicar para você a partir da raiz dessa palavra. O que significa ofender?
A palavra ofender deriva de “fenda”, ou seja, dentro de você existe uma fenda na qual a outra pessoa consegue jogar a sua raiva, o seu desamor, o seu descontentamento etc. Entende?
Para que você não se sinta mais ofendido, o que você tem que fazer é preencher essa fenda! Como preenchê-la? Lembre-se que se trata de uma metáfora, não é o seu corpo físico com um corte de uma navalha! Não! Essa fenda deriva da nossa ignorância, dos nossos medos, das nossas raivas, da falta de um sentido mais profundo para a vida etc.
O que preenche essa fenda? O AUTOCONHECIMENTO. Você precisa se encher do amor de Deus, desenvolver a justiça, a retidão, um caráter ilibado, a generosidade, a caridade, a humildade, o desprendimento, o serviço etc. Isso é fácil? Definitivamente não! Na realidade é um imenso desafio. O que estou propondo a você nesse texto é um caminho para a iluminação, sabia disso?
Um ser iluminado tem todas essas virtudes que enumerei e muitas outras, que são desenvolvidas pouco a pouco até chegar a consciência de um Buda ou de um Cristo.
Isso é muito possível, meus amigos! Estou escrevendo esse texto com a consciência de que falta muito para chegar lá, mas cada passinho nessa direção é uma vitória tanto para nós como para as outras pessoas.
Você tem vontade de não se sentir mais ofendido por ninguém? Trabalhe o seu EGO, desenvolva essas nobres virtudes que citei e outras mais.
Para concluir. Compartilho um dos mais belos textos do místico oriental Osho que eu já li em toda minha vida. Lições preciosas de um grande iluminado, que fez e continua fazendo diferença na vida de milhares de pessoas. Leia com bastante atenção…
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Buda estava sentado embaixo de uma árvore falando aos seus discípulos. Um homem se aproximou e deu-lhe um tapa no rosto.
Buda esfregou o local e perguntou ao homem:
– E agora? O que vai querer dizer?
O homem ficou um tanto confuso, porque ele próprio não esperava que, depois de dar um tapa no rosto de alguém, essa pessoa perguntasse: “E agora?” Ele não passara por essa experiência antes. Ele insultava as pessoas e elas ficavam com raiva e reagiam. Ou, se fossem covardes, sorriam, tentando suborná-lo. Mas Buda não era num uma coisa nem outra; ele não ficara com raiva nem ofendido, nem tampouco fora covarde. Apenas fora sincero e perguntara: “E agora?” Não houve reação da sua parte.
Os discípulos de Buda ficaram com raiva, reagiram. O discípulo mais próximo, Ananda, disse:
– Isso foi demais: não podemos tolerar. Buda, guarde os seus ensinamentos para o senhor e nós vamos mostrar a este homem que ele não pode fazer o que fez. Ele tem de ser punido por isso. Ou então todo mundo vai começar a fazer dessas coisas.
– Fique quieto – interveio Buda – Ele não me ofendeu, mas você está me ofendendo. Ele é novo, um estranho. E pode ter ouvido alguma coisa sobre mim de alguém, pode ter formado uma idéia, uma noção a meu respeito. Ele não bateu em mim; ele bateu nessa noção, nessa idéia a meu respeito; porque ele não me conhece, como ele pode me ofender? As pessoas devem ter falado alguma coisa a meu respeito, que “aquele homem é um ateu, um homem perigoso, que tira as pessoas do bom caminho, um revolucionário, um corruptor”. Ele deve ter ouvido algo sobre mim e formou um conceito, uma idéia. Ele bateu nessa idéia.
Se vocês refletirem profundamente, continuou Buda, ele bateu na própria mente. Eu não faço parte dela, e vejo que este pobre homem tem alguma coisa a dizer, porque essa é uma maneira de dizer alguma coisa: ofender é uma maneira de dizer alguma coisa. Há momentos em que você sente que a linguagem é insuficiente: no amor profundo, na raiva extrema, no ódio, na oração.
Há momentos de grande intensidade em que a linguagem é impotente; então você precisa fazer alguma coisa. Quando vocês estão apaixonados e beijam ou abraçam a pessoa amada, o que estão fazendo? Estão dizendo algo. Quando vocês estão com raiva, uma raiva intensa, vocês batem na pessoa, cospem nela, estão dizendo algo. Eu entendo esse homem. Ele deve ter mais alguma coisa a dizer; por isso pergunto: “E agora?”
O homem ficou ainda mais confuso! E Buda disse aos seus discípulos:
– Estou mais ofendido com vocês porque vocês me conhecem, viveram anos comigo e ainda reagem.
Atordoado, confuso, o homem voltou para casa. Naquela noite não conseguiu dormir.
Na manhã seguinte, o homem voltou lá e atirou-se aos pés de Buda. De novo, Buda lhe perguntou:
– E agora? Esse seu gesto também é uma maneira de dizer alguma coisa que não pode ser dita com a linguagem. Voltando-se para os discípulos, Buda falou:
– Olhe, Ananda, este homem aqui de novo. Ele está dizendo alguma coisa. Este homem é uma pessoa de emoções profundas.
O homem olhou para Buda e disse:
– Perdoe-me pelo que fiz ontem.
– Perdoar? – exclamou Buda. – Mas eu não sou o mesmo homem a quem você fez aquilo. O Ganges continua correndo, nunca é o mesmo Ganges de novo. Todo homem é um rio. O homem em quem você bateu não está mais aqui: eu apenas me pareço com ele, mas não sou mais o mesmo; aconteceu muita coisa nestas vinte e quatro horas! O rio correu bastante. Portanto, não posso perdoar você porque não tenho rancor contra você.
E você também é outro, continuou Buda. Posso ver que você não é o mesmo homem que veio aqui ontem, porque aquele homem estava com raiva; ele estava indignado. Ele me bateu e você está inclinado aos meus pés, tocando os meus pés; como pode ser o mesmo homem? Você não é o mesmo homem; portanto, vamos esquecer tudo. Essas duas pessoas: o homem que bateu e o homem em quem ele bateu não estão mais aqui. Venha cá. Vamos conversar.
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