Bruna Cosenza

Carta para os que aceitaram o fim de um grande amor

Rodrigo,

Confesso que foi difícil me levantar da cama esta manhã. Estava me sentindo completamente exausta, como se não tivesse pregado os olhos a noite inteira – e talvez eu não tenha mesmo.

Durante os primeiros vinte minutos na cama não consegui parar de reviver tudo o que falamos um para o outro, mas o que me deixou mais angustiada foi o que não falamos. Tudo aquilo que ficou apenas vagando pelas nossas mentes enquanto nossos olhares gritavam que, apesar de precisar ser daquele jeito, não era o que queríamos.

A vida é muito louca mesmo. Até agora eu não consegui entender muito bem tudo o que aconteceu entre nós. Foi tanto sentimento em um espaço de tempo tão curto, que de vez em quando tenho a sensação de que estava me afogando. Era como se os sentimentos estivessem sempre em excesso, me proibindo de enxergar o que eu precisava e me fazendo mergulhar em tudo aquilo que a nossa conexão me fazia sentir.

Acho que se pudesse definir o nosso relacionamento em uma metáfora seria exatamente isso. Estávamos sempre quase afundando, faltava ar, faltava respirar. Em um primeiro momento isso parece muito ruim, mas foi tão profundo que me fez entender que o fim não poderia ser fácil, tinha que ser doloroso. E continuará sendo por um bom tempo.

Não sei como vou terminar o dia hoje, como será amanhã ou nas semanas seguintes. Não faço ideia se continuarei chorando o tempo todo, se a vontade de levantar da cama todos os dias irá reaparecer, se a vida voltará a ter graça e cor. Realmente não sei. O que eu sei hoje é que está doendo.

Acho que o pior de tudo não é chegar ao fim, mas aceitá-lo. O pior de tudo é precisar absorver a tempestade e internalizar que não poderia ser de outro jeito. Confesso que ainda não consegui. Apesar de já enxergar que o fim chegou, ele ainda não faz muito sentido na minha cabeça. E tenho certeza de que as coisas só vão começar a melhorar quando eu aceitar esse doloroso ponto final.

Vai passar. Eu preciso acreditar que vai. E então tudo vai ficar bem. Nós vamos ficar bem, né? Mesmo que não seja seguindo o mesmo caminho, preciso acreditar que vamos conseguir seguir algum caminho daqui em diante.

Com amor,

Mari.

Bruna Cosenza

Bruna Cosenza é paulista e publicitária. Acredita que as palavras têm poder próprio e são capazes de transformar, inspirar e libertar. É autora do romance "Lola & Benjamin" e criadora do blog Para Preencher, no qual escreve sobre comportamento e relacionamentos do mundo contemporâneo.

Share
Published by
Bruna Cosenza

Recent Posts

Só os mais atentos conseguem desvendar o 2º rosto dessa ilusão de ótica

Uma nova ilusão de ótica tem desafiado os internautas, com uma imagem que esconde um…

11 horas ago

A comédia romântica da Netflix que promete conquistar seu coração e te levar a lugares paradisíacos

A sequência do aclamado musical “Mamma Mia!” fez sucesso entre os fãs do musical e…

12 horas ago

Hemocentro de cães e gatos convive também com a falta de sangue para salvar os animais

Hemocentro de cães e gatos convive também com a falta de sangue para salvar os…

22 horas ago

Você precisa sempre deixar a casa arrumada? Saiba o que diz a psicologia sobre esse hábito

Ter uma casa impecavelmente organizada pode parecer apenas uma preferência, mas para a psicologia, esse…

2 dias ago

Esta comédia romântica da Netflix tem um charme irresistível que vai derreter seu coração

Prepare-se para uma experiência cinematográfica que mistura romance, nostalgia e os encantos de uma Nova…

2 dias ago

Esportes infantis: equipamentos e acessórios indispensáveis para seu filho brilhar

Saiba o que não pode faltar para que seu filho pratique esportes com conforto

2 dias ago