Todos nós sabemos o que são as dívidas. Um compromisso de pagamento entre duas entidades que deve ser cumprido. No entanto, poucos percebem aquelas dívidas que estão muito presentes nos relacionamentos, principalmente entre um casal. Elas são chamadas de dívidas relacionais, e hoje vamos descobrir que na nossa vida há alguns assuntos pendentes a serem resolvidos.
As dívidas relacionais surgem quando cedemos algo importante de nós mesmos em uma relação. Algo que representa um sacrifício, um verdadeiro esforço. No entanto, isso não é algo desinteressado. Por esse ato tão grande, esperamos da outra pessoa determinadas coisas que podem pagar o que fizemos por ela. Dessa maneira, contrai-se uma dívida da qual ninguém está consciente.
A armadilha das dívidas relacionais[
As dívidas relacionais envolvem uma armadilha da qual quase nunca estamos conscientes. Trata-se do fato de não falar claramente, da falta de comunicação sincera na relação. Em vez de manifestar o esforço que significa para nós aceitar uma determinada situação da qual não gostamos ou dar o braço a torcer, cedemos e nos calamos.
Assim, cria-se uma dívida silenciosa da qual a outra pessoa não estará consciente e que, portanto, não vai assumir. Então, o que acontece? Vão começar as recriminações, as discussões sem sentido e uma série de situações que não são mais do que uma manifestação de algo que estamos aguentando, de que não gostamos e pelo qual, além disso, exigimos uma recompensa.
Vamos pensar, por exemplo, que nossa(o) companheira(o) é transferida para trabalhar em outro país. É uma oportunidade incrível. Decidimos acompanhá-la e, para isso, deixamos nosso emprego esperando encontrar outro no país de destino. No entanto, com o tempo, começamos a recriminar nossa parceira por não termos encontrado trabalho ou culpá-la por estarmos longe da nossa família.
Além disso, vamos jogar na cara dela o sacrifício de ter permitido que ela se aperfeiçoasse profissionalmente enquanto nós deixamos tudo de lado, até nosso trabalho, por ela. As recriminações serão constantes, pois buscamos que a outra pessoa nos recompense pelo nosso sacrifício. No entanto, percebemos em qual momento contraímos essa dívida emocional ou a armadilha em que caímos?
“Há uma diferença muito sutil entre fazer algo voluntariamente, mesmo que demande sacrifício, e fazer para esperar receber algo em troca”.
Dívidas relacionais ou chantagens emocionais?
As dívidas relacionais podem ser contraídas entre membros de um casal, de uma amizade ou, até mesmo, entre familiares. Algumas vezes, inclusive, acabam se transformando em chantagens emocionais. Exigimos o que achamos que merecemos, nos sacrificamos para poder pedir, damos sem limites para, assim, exigir e buscar inúmeras compensações que parecem não ter fim.
É comum pensar que se cedemos na nossa relação com alguém, seremos recompensados de alguma maneira. Em toda relação, é preciso haver um dar e receber constantes. No entanto, isso está bem longe do que entendemos por dívidas relacionais.
Esse tipo de dívida é contraída como uma oportunidade para mostrar ao outro o tanto que nos importamos e, ao mesmo tempo, para pedir e receber o que achamos que compensa o nosso grande sacrifício. Queremos exercer um controle que não temos. É nesse momento que as chantagens começam. A pergunta obrigatória é: podemos evitar isso?
A resposta é sim, podemos evitar essa situação. Para começar, teríamos que ser claros desde o começo e, embora possa parecer frio, expressar para a outra pessoa o que esperamos em troca do esforço que estamos fazendo. Se percebermos que não vamos receber nem um quarto do que esperamos, é melhor negar e não fazer o sacrifício.
Também é necessário manter os olhos bem abertos para estar consciente dos sacrifícios que outras pessoas podem fazer por nós. Além disso, deixar bem claro o que não estamos dispostos a tolerar e as exigências que não vamos aceitar em troca do que fazem por nós.
“Sem uma boa comunicação, é mais provável contrair dívidas relacionais”.
Quase todos nós já contraímos dívidas relacionais sem perceber. Dívidas que prejudicam nossos vínculos, que provocam términos dolorosos e que causam inimizades que poderiam ser evitadas. E se começássemos a pagar todas essas dívidas e aprendêssemos a não contraí-las de novo?
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