Esses dias estava lendo alguns aforismos do filósofo Arthur Schopenhauer, que infelizmente não é lido por tantas pessoas, exatamente porque ele é tão profundo e verdadeiro em suas palavras que chega a assustar. Ele é conhecido por ser um grande pessimista e não ver muita esperança na espécie humana. Mas aproveito esse texto para lhe assegurar que não é bem assim. Acredito mesmo que quem diz isso não se debruçou em suas obras!
Enfim, o seu aforismo dizia o seguinte:
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“Se quisermos avaliar a situação de uma pessoa pela sua felicidade, deve-se perguntar não por aquilo que a diverte, mas pelo que a aflige.”
Arthur Schopenhauer
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É bem interessante o que ele diz nesse aforismo, porque a maior parte das pessoas sente uma espécie de inveja de quem demonstra uma felicidade genuína em suas vidas. Elas olham de fora pensando que tais pessoas têm algo de especial.
Diversão, ao contrário do que muitos pensam, não é sinônimo de felicidade. Como sou um amante da etimologia, vou lhe explicar a partir da origem dessa palavra. Diversão vem do latim divertere, que significa “voltar-se para outra direção”. Ou seja, é como se fosse uma espécie de FUGA DA ROTINA…
Uma boa maneira de explicar o que é a diversão é pensar no tal do Happy Hour, que normalmente acontece dia de sexta-feira à noite após a saída do trabalho. Já pensou que loucura? “Hora feliz”! Quer dizer que todas as horas de trabalho ao longo de uma semana inteira foram de pura infelicidade para ter apenas 1h ou 2h de felicidade regada à bebidas alcoólicas, ou mesmo drogas ilícitas? Alguma coisa está muito errada nessa história não acha?
Você passa a maior parte do tempo quase como um autômato, com uma versão caricatural tipo assim: pessoa responsável, que acorda cedo, vai para o trabalho, faz suas obrigações, cuida de casa, da família, dos filhos etc etc.
Mas quando chega o Happy Hour você extravasa, porque passou dezenas de horas ao longo da semana apenas reprimindo os seus desejos mais intensos. Será que dá para avaliar a felicidade de uma pessoa dessa maneira?
Infelizmente, a maior parte das pessoas se deixa levar muito mais pela APARÊNCIA do que pela ESSÊNCIA. Não conseguem ver que por trás de um lindo rosto sorridente e que posa para selfies diversas existe uma pessoa muitas vezes desesperada, angustiada com inúmeras questões existenciais mal resolvidas.
Portanto! Se você vir alguém ostentando uma felicidade muito plástica, com um monte de fotos em locais bonitos, em restaurantes caros, dentro de um carrão etc. Cuidado! Não necessariamente essa pessoa é feliz, ela pode apenas estar aparentando felicidade.
Já o final do aforismo de Schopenhauer revela sua grande sabedoria. Se você pergunta pelas aflições de alguém, pode averiguar se essa pessoa é feliz ou não.
A palavra aflição vem do latim affligere, que significa “atormentar, causar dano”. Ou seja, se alguém tem muitas aflições ela está sofrendo, consequentemente não está feliz, mesmo que consiga fingir muito bem! No entanto, se alguém de fato tem pouco ou nenhuma aflição, não existe algo dentro dela lhe atormentando, então, como ela pode ser infeliz desse jeito? Não dá! É uma incongruência.
Aqui quero chegar ao ponto alto desse texto, que até já comentei em textos anteriores. Preste atenção!
A felicidade não se busca, ela apenas se DESVELA.
Em outras palavras. A felicidade sempre esteve dentro de nós. Ela é algo intrínseco aos seres humanos, porém, ela quase sempre fica coberta por um imenso véu chamado IGNORÂNCIA. Se você busca crescer em consciência, esse véu vai sendo retirado aos poucos. É o desvelamento da felicidade.
Todos nós nos sentimos atormentados em diversos momentos na nossa vida, mas são esses os momentos que mais nos ajudam a crescer em consciência e também a superar nossas limitações.
Quem não se aflige diante das agruras da vida dorme tranquilo. Vai se deitar e em questão de minutos já está em sono profundo. Já quem se aflige é atormentado pelos seus demônios internos, que geram insônia, irritabilidade, estresse crônico, e depois de algum tempo, doenças psicossomáticas.
Percebe como é profundo esse aforismo de Schopenhauer? Quero concluir esse texto lhe motivando a olhar mais para dentro de si mesmo, para que ao olhar as outras pessoas não tenha ilusões quanto à falsa felicidade que talvez elas venham a mostrar. Observe se elas carregam aflições. Quanto menos aflições, maior a possibilidade de serem felizes de fato! E claro, o mesmo se aplica a você. Dissipe suas aflições que a felicidade simplesmente virá até você e fará morada no seu coração…
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