Marcel Camargo

Pessoas boas perdoam mil vezes, mas, quando vão embora, nunca mais voltam.

Em um mundo cada vez mais distorcido em seus valores e princípios, torna-se mais difícil saber em quem confiar, em quem depositar esperanças, uma vez que máscaras fazem parte da vestimenta de muita gente. E acabamos, muitas vezes, dando de cara contra o muro, simplesmente por julgarmos os corações alheios de acordo com os nossos. Infelizmente, ser bom demais se tornou perigoso.

Existe, no contexto de hoje, uma necessidade de se dar bem em todos os setores, mesmo que por meio de vantagens indevidas, de caminhos duvidosos, como se os fins justificassem quaisquer meios. Nessa toada, a lealdade e o comprometimento com o outro acabam por ser algo a não se prender, pois o que importa mesmo é galgar os degraus da ascensão social, ascensão no trabalho, no emprego, na vida, o que torna as relações humanas cada vez mais frágeis e vazias.

Mesmo assim, muita gente ainda quer acreditar no ser humano, na amizade verdadeira, no amor, na afetividade sincera. Muita gente ainda persiste no propósito de ser feliz sem machucar ninguém, sem trair, sem maldizer, sem ferir o outro, colocando-se no lugar das pessoas com quem convive. E é assim que a gente se ferra, simplesmente porque várias pessoas acabarão confundindo nossa solicitude com servidão, abusando do que temos a oferecer.

Pessoas positivas e capazes de entender o outro acabam perdoando com mais facilidade, retomando o que havia com esperança renovada e acreditando na capacidade de o ser humano se reinventar e melhorar a cada dia, aprendendo com os próprios erros. No entanto, sempre haverá quem não valoriza o perdão que recebe, como se todos fossem obrigados a perdoar e perdoar sempre que ele vacile. Muitos não refletem e jamais mudarão, afinal, para eles, é o mundo que está errado, eles não.

Uma coisa é certa: não há quem abuse da bondade do outro pelo tempo que quiser, pois chega um momento em que as forças e a paciência acabam, ainda que haja amor, afetividade e carinho. Pessoas boas perdoam infinitas vezes, porém, quando desistem, acabam desistindo por completo. Então já era, não haverá mais volta, perdão ou chance alguma. Pelo menos isso.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

View Comments

  • Concordo plenamente. Sei bem o que é desistir e não olhar mais para tras mesmo gostando muito da pessoa. Uma hora os olhos se abrem, as mascaras começam a cair, a vontade de perdoar diminui...enfim, por mais amor que haja em uma relação, a mentira, a falsidade e a falta de carater acabam por destruir tudo. É isso.

Share
Published by
Marcel Camargo

Recent Posts

Esse filme de romance da Netflix é a dose leve e reconfortante que seu fim de ano precisa

Se você é fã de histórias apaixonantes e da fórmula que consagrou Nicholas Sparks como…

3 dias ago

Na Netflix: Romance mais comentado de 2024 conquista corações com delicadeza e originalidade

Se você está à procura de um filme que mistura sensibilidade, poesia e uma boa…

5 dias ago

Pessoas que foram mimadas na infância: as 7 características mais comuns na vida adulta

Uma infância marcada por mimos excessivos pode deixar marcas duradouras na personalidade de um adulto.…

7 dias ago

“Gênios”: Saiba quais são as 4 manias que revelam as pessoas com altas habilidades

Alguns hábitos podem parecer apenas peculiaridades do cotidiano, mas segundo estudos psicológicos e pesquisas científicas…

7 dias ago

As 3 idades em que o envelhecimento do cérebro se acelera, segundo a ciência

O envelhecimento é um processo inevitável, mas não linear. Recentemente, cientistas do Primeiro Hospital Afiliado…

1 semana ago

Desapegue: 10 coisas para retirar da sua casa antes de 31 de dezembro

Fim de ano é sinônimo de renovacão. Enquanto muitos fazem balanços pessoais, é também um…

1 semana ago