Ela andava sempre com um sorriso no rosto e carregava consigo uma alegria invejável. Pra ela não tinha tempo ruim, não tinha dia de chuva, lá dentro sempre fazia o maior sol. Ela tinha mania de acreditar nas pessoas e estava sempre pronta a ajudar quem fosse preciso. E nunca reclamava de nada, na tempestade dançava na chuva, nos dias dias difíceis encontrava razões pra sorrir. Gostava de caminhar sem destino e observar o jeito das pessoas ao seu redor. Costumava não pedir ajuda de ninguém pois não gostava de preocupar os outros com seus problemas. Nunca ninguém a viu dando outra resposta que não fosse essa: está tudo ótimo. Mas não estava, nem sempre estava. Pouquíssimas pessoas sabiam de fato quem ela era, poucos pararam para olhá-la de verdade. Gostavam da sua companhia sorridente, das suas mãos sempre dispostas a ajudar, dos seus ouvidos que estavam sempre abertos pra ouvir problemas alheios e de suas palavras sempre cheias de carinho. Mas nunca se deram conta que por trás daquele sorriso tinha também dor, que por trás do “está tudo ótimo” tinham coisas que não estavam bem… Um dia o seu sorriso não se abriu… Um dia não a viram onde costumava sempre andar… Um dia ela acordou mas não teve a menor vontade de levantar da cama. Os dias foram passando e ela não costumava mais aparecer. Desconfiaram que tinha viajado ou ido morar em outro lugar, mas não se interessaram por saber como ela estava. Lembravam do quanto suas palavras faziam falta, de como ela estava sempre alegre e transmitindo essa alegria a todos… Ela ainda estava no mesmo lugar, mas não mais do mesmo jeito. Não perdeu sua alegria e nem sua vontade de viver, ela simplesmente cansou. Isso, embora ela parecesse ser incansável, eis que o cansaço resolveu visitá-la. E ela demorou pra reconhecê-lo… Veio em forma de dor de cabeça, dor nas costas, dor no abdômen. Veio em forma de crise de enxaqueca seguida de um sono incontrolável. Aí ela precisou parar, largar a maioria das coisas que vinha fazendo e finalmente precisou olhar pra si. Quem ela era mesmo? O que gostava de fazer de verdade? Quais eram as suas fraquezas? Pior que ela nem sabia por onde começar porque o seu tempo não era seu. Mas, finalmente, ela percebeu que era ela que agora precisava de ajuda, era ela que precisava de palavras carinhosas, ouvidos atentos e colo. Ela queria voltar a ajudar as pessoas, a sorrir sempre e a distribuir alegria, mas, ela não estava bem e descobriu que só se consegue dar aquilo que possui. Ela vai voltar. Mas por enquanto precisa de tempo, cuidado e atenção. Andam dizendo por ai que ela anda sumida… Pode ser mesmo… Mas ela teve que sumir pros outros pra poder olhar-se e cuidar de si. Aliás, é de cuidado que ela tá precisando. Seu dia voltará a ser ensolarado, suas mãos voltarão a se abrir para acolher a todos e seu sorriso voltará a enfeitar seu rosto. Mas não agora. Sabe como você pode ajudá-la? Deixando que ela apenas seja quem ela é. E quer saber? Ela também fica triste, também chora, também perde a linha e o chão, também sente raiva e por incrível que pareça, também precisa de ajuda.

Josielly Pinheiro Westphal

"Psicóloga de vez em sempre, organizada de vez em nunca. Escreve sobre coisas aleatórias e em momentos mais aleatórios ainda. Tem mania de observar tudo ao seu redor, mas tem opinião formada sobre bem poucas coisas. Aprendiz na arte de encerrar ciclos e de se abrir para novas experiências. Acredita em Deus e nas pessoas. Gosta muito do mar, de sol, da família, dos amigos. Corre, malha, faz trilha, come e bebe quando tem vontade. Sensível e durona, teimosa e manhosa: HUMANA.

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Josielly Pinheiro Westphal
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