Josie Conti

Muitas vezes disfarçar sua cara feia não é falsidade e nem repressão, é só educação.

“Dos padrões de comportamento que mais prejudicam as relações interpessoais, o emburrado é um dos mais comuns, mais chatos e infantis que existem. Que me desculpem os emburrados, mas tem que ser muito burro e empacado para agir de tal forma.” Eduardo Aquino

Todo mundo tem problemas. Tem dia que a gente acorda e parece que tudo dá errado: perdemos a hora, somos cobramos por algo que nem sabíamos que devíamos, alguém nos trata mal, o trabalho dá errado, o telefone não para de tocar, a alergia ataca…

Tem dia que tem uma nuvem pairando sobre a nossa cabeça e, sim, nós estamos irritados e temos o direito de ficar irritados. Agora, o direito de não estarmos bem não nos dá o direito de estragar o dia de outra pessoa, concorda? Isso é grosseiro, é indelicado e é profundamente egoísta.

Quem é que já não presenciou, por exemplo, cenas de casais de namorados que estão discutindo e ficam “emburradinhos” perto de um grupo? Puxa, será que nunca ouviram falar em empatia? Pois deveriam saber que o grupo não tem culpa da picuinha do casal, de suas questões mal resolvidas ou intolerâncias. A polidez e a cordialidade deveria imperar quando as pessoas estão inseridas em um território neutro: isso não é falsidade, é sociedade! Se não for assim, fiquem e casa e se resolvam antes, não é? Radical? Nem tanto.

Eduardo Aquino, que mencionei na frase de destaque do texto, tem mais um trecho ótimo que foi publicado em 2012 em O Tempo. Veja abaixo.

“Qual o objetivo principal dos emburrados? Já vimos que querem punir as pessoas por algo que os frustrou, ofendeu e magoou, com uma atitude radical e punitiva: o silêncio agressivo, o isolamento que quebra a harmonia e a boa convivência. Mas o principal objetivo dos emburrados é gerar CULPA! E conseguem!

A todo momento, alguém se aproxima:

– Eu te fiz alguma coisa?

– Foi eu que te chateei?

E com isso ele vai se tornando importante, poderoso. As pessoas culpabilizadas começam a adular, implorar para que ele volte a conversar ou todos vão ficando mal humorados. Tudo errado! Não se deve entrar nesse jogo, não se deve sentir culpa nem ficar gravitando em torno do emburrado. Ao contrário, cada um deve seguir sua vida, continuar cumprimentando, convidando para sair, mesmo que o outro não responda, ou seja, escravo do “não”. Só quando o emburrado entende que seu comportamento não está punindo, atrapalhando, agredindo as demais pessoas com as quais ele convive, é que tal característica começa a ceder.”

Do ponto de vista psicológico, é claro que as pessoas têm direito de conversar e trocar entre si suas coisas pessoais quando se sentirem acolhidas em um grupo, isso é conversa e amizade. Também é verdade que todo ser humano tem direito de estar triste, isso faz parte, mas cara feita e bico birrento é algo que desgasta qualquer relação.

Birra a gente entende em criança que está aprendendo a regular as emoções. Em adultos, é só falta de educação e consideração com o próximo mesmo.

***

Imagem de capa: Pixabay

Josie Conti

JOSIE CONTI é psicóloga com enfoque em psicoterapia online, idealizadora, administradora e responsável editorial do site CONTI outra e de suas redes sociais. Sua empresa ainda faz a gestão de sites como A Soma de Todos os Afetos e Psicologias do Brasil. Contato para Atendimento Psicoterápico Online com Josie Conti pelo WhatsApp: (55) 19 9 9950 6332

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Tags: cara feia

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