Todo domingo é a mesma agonia. E ela vem sem hora, sem anunciar chegada e sem entender motivo; mas vem uma agonia, se instala no corpo e, sei lá, domingo é um dia um tanto estranho.
Eu nunca gostei de domingos. Quer dizer, eu gostava de domingos, porque dormia até mais tarde e curava alguma ressaca das noites de sábado que me empolgava demais. Até que entendi que domingo era só isso, e aqui eu friso o só, porque o domingo era um dia vazio e preguiçoso e cheio dessa agonia que a gente não entende de onde vem, só sente.
É um dia morno, sabe? Como se fosse uma vírgula no meio da semana. Uma pausa necessária entre o fervor e agitação do final de semana, para o fervor e agitação de uma semana inteira.
O domingo se arrasta. A programação na tevê se arrasta. As maratonas de seriados ou filmes na Netflix são fracas, pois a gente cochila entre um episódio e outro; ou no meio do filme, sem entender porque terminou do jeito que terminou. E aí vem a agonia. O nada feito direto. O tudo de preguiça. A angustia de um dia semi vazio.
Faz um tempo que estou tentando dar sentindo para os domingos. Tentar fazer algo além do combo tevê-ressaca-cama-preguiça-netflix. Resolvi sair de casa, curar a ressaca na rua, com algum vento brincando nos cabelos ou com uma peça de teatro bem montada, que me arranque algumas risadas infantis.
Parei de dormir durante a tarde e deixei a agonia ali, ignorando-a um tanto.
Sei lá, domingo é isso.
Mas a semana não precisa ser…
Imagem de capa: ESB Professional, Shutterstock
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