Ser jovem. É ter pressa de existir. Fome de viver. Urgência em acontecer. É querer tudo ao mesmo tempo. Acordar com sonhos e dormir com realizações. Calma.
A vida pede calma, o tempo pede calma. Não que esta inquietação juvenil seja ruim, porém, pode alimentar a ansiedade social que propicia frustrações, depressões e depreciações.
A eterna “grama do vizinho é mais verde”, aquela sensação de que não sou bom o suficiente, de que o outro é melhor, mais feliz, tem mais sucesso.
Tudo isso é sintoma da doença “pressa”. Ser ágil, eficiente e prestativo são qualidades excelentes e que inclusive estão em falta neste mundo em que tudo é facilidade, e nem sempre para melhor. Contudo, nada disso tem valor se desacompanhado da boa e velha calma.
O tempo pode ser aliado ou inimigo. Nesta era da informação imediata, da tecnologia como melhor amiga, parece que estamos em constante batalha contra o tempo.
Não conseguimos esperar cinco minutos em uma fila de banco sem nos socorrermos de nosso amigo celular. Aguardar o resultado de um exame, de uma prova, sem quase termos um colapso nervoso.
Essa briga com o tempo além de ser péssima para nossa saúde mental, também não faz bem ao corpo, que muitas vezes reage, e reage mal, à expectativa da espera.
Como o tempo tem o tempo dele, e não o nosso, não nos conformamos em esperar mais.
Dor de estômago, dor de cabeça, falta de ar, insônia, diversos são os possíveis sintomas desta doença chamada “pressa”. E como combatê-la? Como curá-la?
Apertando o botão “pause”. Respirando fundo. Três vezes. No mínimo. Correndo no parque, movimentando o corpo e deixando o celular ao lado.
Lendo mais, divagando menos nas redes. Sorrindo de verdade, e não somente posando para fotos.
É preciso uma revolução da mente. Viver mais de fato e menos de aparência.
É preciso sentir o cheiro da grama molhada, ouvir a chuva bater no telhado, saborear o que se está comendo.
É preciso amar mais quem está do seu lado, e menos quem você nem lembra o nome e só sabe que tem uma foto bonita de perfil.
Ao perdermos o contato com a vida real, nos desconectamos do tempo. Está mais do que na hora de recuperá-lo.
Imagem de capa: frantic00, Shutterstock
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