Eu já fiz um pedido ao Universo: que meu próximo parceiro amoroso seja escolhido pelo meu coração, porém, com o aval do meu cérebro. Dessa forma, acredito que terei direito às borboletas no estômago que tanto aprecio, e terei, também, aquele sentimento de ter feito a escolha certa. Quero sentir orgulho do homem que estiver ao meu lado. Talvez seja a tradução do que o Caetano Veloso canta: “um amor tranquilo com sabor de fruta mordida”. Sim, eu quero, e terei esse amor. Eu estou falando de equilíbrio, de quando a emoção e a razão se abraçam.
Percebo que, quando a razão é a única responsável pela escolha de um parceiro, o relacionamento vai ficar semelhante a um contrato comercial. Não tem frio na barriga, não tem euforia, não tem taquicardia…não tem borboletas no estômago. E, de certa forma, isso é muito frustrante. Sabe aqueles casamentos que já nascem sem vida? Sabe quando os cônjuges parecem não sentir orgulho um do outro? Eles, talvez, tenham tudo do ponto de vista material, talvez façam viagens luxuosas etc. Mas, nunca experimentarão aquela sensação de sentir o fôlego faltar quando o outro se aproximar.
Eu sei, também, que talvez, você lendo isso agora, pode pensar: “que bobagem esse negócio de frio na barriga”. Pois é, mas, eu particularmente, não acho uma bobagem, pelo contrário, eu acho uma delícia e é o mínimo que eu desejo que um parceiro desperte em mim. E, essa sensação, dinheiro nenhum pode pagar por ela. Borboletas no estômago é vida, gente! É ressurreição!
Existem, também, aqueles relacionamentos nos quais a emoção foi a única responsável pela escolha do parceiro. Geralmente, são aqueles vínculos que se iniciam norteados, unicamente, pela atração física. Foram os hormônios que, no auge da sua efervescência, bateram o martelo. Nesses relacionamentos, a empolgação vai à máxima potência na fase inicial, contudo, vai murchando conforme o tempo vai passando, por falta de outros elementos que ajudem a sustentar e garantir a continuidade da relação. Porque você há de convir que, por mais extraordinário que um parceiro seja como amante, ele precisa oferecer algo interessante também fora da cama. Ninguém passa 24 horas namorando, acho que não.
Eu, particularmente, percebo a admiração como um potencializador da atração. Assim como considero a inteligência um poderoso afrodisíaco, capaz de, inclusive, substituir, com louvor, a beleza física. Acredito que, se você nunca viveu essa experiência, certamente, conhece alguém que se empolgou com alguém, mas acabou desanimando porque tudo o que a pessoa tinha a oferecer ficava entre quatro paredes.
Para que uma parceria amorosa tenha o mínimo de chance de prosperar, é fundamental que haja, ao menos, algumas afinidades. Não basta aquela química flamejante, até porque ela, por si só, não se sustentará se os demais quesitos estiverem ausentes na relação.
Eu já tive “amores” que meu cérebro escolheu, e posso afirmar que foram tão insossos. Eles não deixaram nenhuma saudade, nenhum resquício de frenesi sequer, quando lembro deles. Já tive, também, amores que os meus hormônios escolheram, mas que meu cérebro não via nenhum sentido. Foram intensos e efêmeros. Deram o que tiveram que dar e pronto. Faltavam condições para os sonhos e projetos, e eu estou longe daquele perfil de mulher que se contenta com um amor numa cabaninha, se é que me entendem.
Imagem de capa: Kangaru/shutterstock
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