Estava lendo o livro fantástico do pai da Psicanálise Sigmund Freud intitulado “Psicologia de grupo e análise do ego”, de 1921, e um trecho em especial me chamou bastante atenção e me inspirou a escrever o texto que você lê agora! O trecho diz o seguinte:
“Se um indivíduo abandona a sua distintividade num grupo e permite que seus membros o influenciem por sugestão, isso nos dá a impressão de que o faz por sentir necessidade de estar em harmonia com eles, de preferência a estar em oposição a eles, de maneira que, afinal de contas, talvez o faça ‘em consideração a eles’”.
Sigmund Freud
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Nestas poucas palavras ele faz uma dura crítica à falta de AUTENTICIDADE da grande maioria das pessoas, que têm medo de questionar, medo de duvidar, medo de bater de frente com ideias, posturas, dogmas, instituições e por aí vai…
Nessa hora eu acabo me lembrando de duas frases incríveis do grande Raul Seixas, que desde sempre batia de frente com o sistema e queria seguir as suas próprias regras e leis. As frases: “Não sei onde eu tô indo mas sei que eu tô no meu caminho, enquanto você me critica eu tô no meu caminho…”, da música “No fundo do quintal da escola”, e “Siga o seu próprio caminho pra ser feliz de verdade…”, da música “Messias Indeciso”.
Essas frases do Raul mostram claramente o quanto ele era corajoso no mais profundo da palavra, que significa “viver pelo coração”. Ele não estava nem aí para o que os outros achavam dele, dos seus pensamentos e das suas ideologias. Ele queria apenas viver e ser feliz ao modo dele.
Infelizmente, o que o Freud critica em todo esse livro dele são os comportamentos de massa, de rebanho, que entorpecem o nosso senso crítico e nosso poder de escolhas e decisões.
Ele discordava de forma ferrenha e eu sem medo algum concordo com ele. Não sou tão cético ao ponto de dizer que os grupos religiosos ou ideológicos não são bons de um modo geral, mas tenho bastante cautela em não aceitar cegamente o que eles propõem.
Meu intuito ao escrever esse texto é apenas lhe levar a fazer esses simples questionamentos: “Até que ponto eu estou pensando por mim e seguindo aquilo que eu acredito de fato, com sinceridade?”. Esse é o tipo de questionamento que pode deixar um fundamentalista religioso com muita raiva de mim, mas vem cá? Será que estou fazendo um questionamento tão errado assim? Tão afrontador assim? Será que é errado eu pensar com a minha própria cabeça e não com aquilo que os outros me dizem que é o certo? O verdadeiro? Vamos! Não tenha medo de se questionar! Se você está aqui e está lendo esse texto até agora é porque no fundo já vem pensando sobre isso, senão já teria fechado esta aba há muito tempo! hehehe
Preciso falar sobre um medo que assusta muita, mas muita gente. O MEDO DA SOLIDÃO. O Freud está falando sobre isso indiretamente nessas palavras.
As pessoas têm NECESSIDADE de estarem em harmonia com as outras do grupo em “consideração” a elas! Veja só! O Freud colocou entre aspas. Por que será hein? Pois é! Pra questionar o leitor!
Se elas têm necessidade de estar em harmonia com todas as outras do grupo é simplesmente porque têm MEDO de serem expulsas da comunidade, de serem execradas, de serem hostilizadas, de serem vistas com “olho torto”…
Esse medo vem da INSEGURANÇA do indivíduo e da falta de AUTOCONHECIMENTO. Se você se conhece com mais profundidade, você certamente se ama, se você se ama, não tem porque deixar de expressar o que sente de verdade porque pode ser desaprovado pelos outros, entende?
Ele fala sobre as influências por SUGESTÃO, esse é um fenômeno psicológico muito interessante e não aprofundarei aqui porque é muito amplo. Mas quando um grupo se junta num mesmo propósito, numa mesma filosofia, numa comunhão de pensamentos, o pensamento de um entra em ressonância com o do outro e do outro e do outro até que se torna uma força magnética gigantesca. E essa força gigantesca muitas vezes enfraquece ou até mesmo elimina o pensamento crítico individual!
Isso é típico das igrejas que tem um pastor que fala com empolgação e jubilo, dos templos com gurus cheios de discursos bonitos e bem articulados. Eles HIPNOTIZAM os seguidores sabia disso? Eles aprendem técnicas para prender a atenção com maestria e isso faz com que os indivíduos deixem de ser indivíduos e passem a ser um grupo de massa, cordeirinhos que seguem o pastor, o mestre, o guru, o “grande sábio”…
O Freud nessas poucas palavras está criticando tudo isso. O Raul nas suas músicas também. E eu, na carona dos dois, estou lhe levando a se questionar sobre coisas muito simples e básicas, mas que muitas vezes tem medo de se questionar!
O que acha de se permitir pensar por você mesmo? E se você for expulso dos lugares? E se não lhe quiserem por perto? Não tenha medo! Saiba de uma coisa! Essas pessoas não estavam com você pelo que você é em essência, estavam pelo que você representava, pelo papel que você desempenhava e não mais do que isso!
Se isso acontecer, saiba que foi uma libertação! Pode ser que você sofra, que fique triste, que tenha dúvidas ou até tenha alguma vontade de voltar atrás, mas isso passa, pode ter certeza!
Enfim! Há muito mais a ser refletido, explorado e aprofundado nessas palavras brilhantes do senhor Freud, mas deixo as reflexões com você agora!
“Siga o seu próprio caminho pra ser feliz de verdade…”.
Imagem de capa: everst/shutterstock
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