Vanelli Doratioto

Não se deixe queimar pelo inferno dos outros

Você está na sua quando, de repente, um terremoto de reclamações cai sobre sua cabeça. Você nem sabe direito de onde vem tudo isso, mas agora você vai ter que lidar com um mau humor repentino que tomou conta do seu amigo, parceiro, familiar, etc.

A sua bandeira de paz foi incendiada sem nenhuma cerimônia por um motivo banal. A toalha molhada que você esqueceu em cima da cama. O filme entediante que foi sugestão sua. Uma ligação que você não retornou. Motivos rasos quase sempre são o estopim de brigas e com a mesma frequência não são a razão real para elas.

Vivemos no mundo ocidental uma cultura de gentileza extrema no que se trata de “dizer o que realmente se pensa em relação às coisas”. Então seu namorado não digeriu bem seu encontro noturno com as amigas, mas fingiu que estava tudo bem. Afinal, ele é a pessoa mais segura do mundo. Seu filho pareceu entender a bronca por ter usado de forma demasiada os jogos virtuais. Seu chefe fingiu gostar da piada que você fez na hora do café, só fingiu.

Logo, a razão verdadeira que originou o incêndio infernal do outro foi guardada à sete chaves e de repente apareceu em forma de uma escova de dente trocada ou de um livro emprestado.

Isso acontece e vai sempre acontecer enquanto tentarmos tapar o sol com a peneira e dizer que está tudo bem quando na verdade não está tudo bem. Ao portador da bandeira da paz, pego de surpresa, cabe entender, com sabedoria, que a razão para essas implicâncias, comumente, está guardada bem longe das vistas.

Não seja literal ao analisar esses ímpetos repentinos de humor. Busque a verdade escondida por trás de lamentações quase infantis. Não acredite na primeira justificativa que lhe saltar aos olhos. Uma conversa sincera pode ser a chave para o entendimento correto do que está realmente acontecendo.

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Atribuição da imagem: pixabay.com – CC0 Public Domain

 

Vanelli Doratioto

Vanelli Doratioto é especialista em Neurociências e Comportamento. Escritora paulista, amante de museus, livros e pinturas que se deixa encantar facilmente pelo que há de mais genuíno nas pessoas. Ela acredita que palavras são mágicas, que através delas pode trazer pessoas, conceitos e lugares para bem pertinho do coração.

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Tags: paciência

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