Dois anos. Ou pouco mais, não sei. Só sei que fazia tempo — muito tempo — que eu não me sentia assim. A gente tem a ideia de que sabemos dominar a mente e o corpo, mas a vida vem nos mostrar que não é bem desse jeito. Eu parei para respirar como há tempos não fazia. Eu senti a pupila dilatar, a boca secar, os olhos se encherem de lágrimas idiotas e as mãos tremerem sozinhas. Era um princípio de crise de ansiedade – velha companheira.
Assustou.
Dois anos que isso não acontecia. Ou mais? Não sei, mas faz tempo. E a volta me deixou atônita. Agoniada. Chateada e frustrada, porque sim. Eu já havia superado tudo, não havia? Achei que sim, mas a vida nos mostra que ‘hahaha queridinha’. Corri pro banho, pra ver se baixava o ritmo. Quis chorar no meio da água que lavava a alma, mas não caiu uma lágrima sequer.
Eu não entendia a crise de ansiedade e agora, escrevendo esse texto desconexo, ainda não a entendo. Sinto raiva por me sentir assim, mas estou tentando me convencer de que essa frustração não levará em nada. Eu queria derramar umas lágrimas para ver se passa. Eu queria sentir a ansiedade louca pulsar uns minutinhos pra ver se passa. Eu queria tirar essa bola imensa na garganta para ver se passa. E queria entender da onde veio tudo isso, qual foi o gatilho pra ver se, entendendo, passa.
O não entender me assusta. E assustada, piora. E as mãos voltam a tremer. E a boca volta a secar. E as lágrimas voltam a querer cair, mas não cai. Não choro uma gota sequer. Sorrio. A ansiedade é feliz, às vezes, ainda que assuste. Sei lá, não tenho motivos para ser triste – tenho? Não. Não tenho.
Definitivamente, sei lá, acho que é só a vida caçoando um pouquinho e dizendo ‘freia’. Talvez seja isso. Talvez eu precise (re)aprender a frear. Talvez eu precise (re)aprender a respirar. Talvez eu precise (re)aprender tirar um tempo – e realmente tirar.
Dois anos. Estaca zero.
Vamos começar a contar de novo…
Imagem de capa: mimagephotography, Shutterstock
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