Nós vivemos numa sociedade que, infelizmente, ainda é extremamente materialista e imediatista. Uma grande parcela da população trabalha de forma exagerada, quase sempre pra conseguir o dinheiro suficiente para manter um padrão de vida que não prioriza o essencial na vida e no qual não se valoriza tanto as pequenas coisas.
No momento em que escrevo esse texto estou lendo dois livros magníficos, que podem contribuir de forma significativa com mudanças no nosso comportamento e nas escolhas. São os livros “A morte é um dia que vale a pena viver”, da Dra. Ana Claudia Quintana Arantes, e “Simplicidade voluntária”, do escritor e palestrante Duane Elgin.
Desde garoto eu sempre tive uma tendência a buscar a simplicidade na vida, e agora com a leitura desses dois livros, isso só se ratificou, e venho trazer reflexões que considero de suma importância para todos nós a respeito da verdadeira simplicidade.
Como vivemos numa sociedade materialista e consumista, quem vive de forma mais simples automaticamente já está caminhando fora da curva, já está sendo um revolucionário. No livro do Duane Elgin ele explica de forma magnífica que a vida simples é uma escolha que está completamente atrelada com a elevação da consciência, o que concordo totalmente. Quanto mais vamos amadurecendo e observando o que é o mais importante que podemos cultivar ao longo da vida, se torna cada vez mais evidente que não são as coisas, os bens materiais, os títulos acadêmicos, o status, a fama, nem nada transitório que nos dá a sensação de plenitude.
A plenitude só pode ser atingida pelo AUTOCONHECIMENTO, e como o próprio nome já diz, ninguém fará com que você se torne pleno além de você mesmo! Milhões de pessoas chegam à velhice e à morte sem experimentar o que é essa plenitude do ser. Não é minha pretensão em um texto de poucas palavras como esse lhe indicar o caminho para a plenitude, mas posso indicar umas setas, que lhe ajudarão a encontrá-lo dentro de si mesmo.
O livro da Ana Claudia Arantes nos traz uma reflexão bem mais profunda a respeito do significado que damos à nossa vida. Ela trabalha em dois hospitais, nos quais se encarrega dos cuidados paliativos, que é a assistência aos pacientes que já foram “desenganados”, como costumamos dizer. Ou seja, ela cuida dos pacientes que sabem que vão morrer em breve e que a doença na qual estão acometidos não pode mais ser curada, por ter avançado demais.
Uma das reflexões que mais gostei e com ela farei esse link com o outro livro é sobre a ilusão presente nas pessoas com padrão aquisitivo maior. A doutora diz no livro que muitos homens e mulheres mais ricos financeiramente, quando chegam ao hospital com doenças gravíssimas pensam que podem com o dinheiro que tem conseguir um tratamento diferenciado, com melhores remédios, melhores médicos e melhores condições. E nessa hora eles são confrontados consigo mesmos, porque dinheiro nenhum no mundo consegue parar o alastrar de metástases pelo corpo, nem mesmo rezas infinitas para todos os santos!
Ela conta de forma extremamente tocante a dor da angústia que eles sentem em perceber que a doença não faz distinção em quem é rico ou pobre, bonito ou feio, alto ou baixo, gordo ou magro, repleto de diplomas ou analfabeto… Ela simplesmente VEM, e ao vir, não tem outro jeito, ela precisa ser tratada. Ponto!
Quero através dessa constatação meio chocante lhe levar a refletir sobre o caminho que pode nos levar à uma saúde mais integral.
No livro do Duane ele diz o que hoje em dia milhares de livros, revistas, artigos e palestrantes estão repetindo. As melhores coisas que podemos fazer são: praticar meditação, melhorar a alimentação (de preferência cortando a carne vermelha definitivamente), dormir bem e de forma regular, trabalhar com o que ama, fazer atividades físicas, ter bons momentos de lazer, ter maior contato com a natureza etc.
Estou falando algo que você já não tenha lido ou ouvido? É impressionante como, sabendo de tudo isso, nós ainda continuamos não nos convencendo de que esse é o caminho para a plenitude! Nessa hora me lembro até do personagem Quico do seriado Chaves: “Que coisa não?”.
A morte é um dia que vale a pena viver, só esse título já pode nos levar a grandes reflexões. O que ela quis dizer com esse título? Que grande parte das pessoas vive de forma tão inconsciente, que na hora da “passagem” não conseguem acreditar que “chegou a hora”…
Quando chegar a sua hora! Você terá vivido de forma plena e significativa? Não espere que uma doença séria lhe acometa para que você comece a viver de fato. Faça isso hoje, agora, não protele a sua vida, e quando digo isso estou dizendo para não deixar para depois a máxima do mestre Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.
A vida tem me mostrado através das experiências e de “n” maneiras diferentes isso é dito nos dois livros citados. Preste atenção!
Quanto mais a gente se conhece, mais percebe que a simplicidade na vida é o que pode nos levar a viver com plenitude. Dessa forma, estando plenos e felizes, a consequência natural é mudar os hábitos, de forma que eles se tornam mais saudáveis e sustentáveis. Com esses hábitos melhores, a saúde do corpo, das emoções, da mente e do espírito melhoram. Com essa melhora global, a vida ganha um significado muito maior, e a morte passa a não ser algo tão assustador como era antes, e por fim, quando esse dia chegar, que obviamente chegará para todos nós, será um dia feliz, um dia que vai valer a pena ser vivido…
Imagem de capa:Oksana Yurlova/shutterstock
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