Aqui na CONTI outra temos um texto muito relevante chamado Ninguém é ansioso porque quer, escrito pela Monica Montone. Nele, a autora desmistifica a culpabilização da pessoa doente por diversos de seus comportamentos. Abaixo, segue uma tradução livre e adaptada de um outro texto, originalmente publicado em Thought Catalog, por Lauren Jarvis-Gibson, mas que também traduz como os sintomas ansiosos apresentados por uma pessoa podem influenciar no seu comportamento, inclusive afetando o seu discernimento e levando a pessoa a fazer coisas que, se ela estivesse bem talvez ela não faria.
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Às vezes, eu falo rápido demais. Em outras, eu nem falo. Às vezes, fico acordado até às 3 da manhã, andando de um lado para o outro, com minha mente acelerada e inquieta.
Tenho olheiras tão escuras que nem os melhores corretivos conseguem disfarçar. Pela manhã, por não conseguir relaxar, levanto-me exausto e mal consigo olhar para luz.
Eu gostaria de parar, mas não consigo. Eu permaneço agitado e começo de novo. Eu falo demais e, às vezes, coisas que eu nem gostaria de falar, mas tudo se passa tão rápido dentro de mim que falar é uma das maneiras de toda essa agitação sair.
Eu já contei segredos que não eram meus porque não consegui me calar. Já perdi amigos por falar deles sendo que depois nem eu mesmo sei explicar porque eu falei.
Como frear uma cabeça que planeja, calcula e gera uma sentença antes que qualquer coisa aconteça? Por ficar paranóico e achar que não serei aceito eu não vou aos meus encontros e compromissos. Qualquer coisa faz meu coração acelerar e minhas mãos tremerem e suarem. Sei que as pessoas podem me olhar e achar que sou maluco e por isso as evito.
Fico em casa por causa da minha ansiedade mesmo quando o dia está lindo e pessoas queridas me chamam para sair. Eu gostaria de ir, mas me sinto tão mal que a vontade passa e é substituída por medos e autopiedade.
Acho que não sou bom o bastante e sei que é a ansiedade que cochicha aos meus ouvidos. Ela sussurra que sempre serei apenas eu e que ninguém me aguentará desse jeito. Ela me diz que meus amigos são falsos e que não me amam porque ninguém pode amar alguém desse jeito. O disco está arranhado. Tento pensar diferente, mas a mesma frase volta sem parar.
Tornei-me uma versão mais entristecida de mim por causa dessa ansiedade que me culpa, me isola, me diz que não sou capaz e que não posso amar e nem ser amado.
Fico tão cansado que até respirar se torna complicado. Eu tenho que pensar para respirar melhor. Eu tenho que me esforçar para sorrir. Eu tenho que me motivar a ser simpático e me sinto robotizado por não conseguir ter atos espontâneos.
Essa falta de controle e de espontaneidade me dá uma ideia de que há muito mais escuridão no mundo do que eu possa imaginar.
Então, peço sinceras desculpas pelas coisas que faço quando estou tão ansioso.
Perdoe-me por não conseguir parar de falar, por falar o que não devia, por te ligar e depois cancelar. Perdoe-me por simplesmente não conseguir respirar da forma que devia. Eu realmente gostaria de desacelerar e a consciência dessa falta de controle é que me permite, agora, pedir desculpas e tentar ser melhor.
Mas peço também que você entenda o que acontece comigo porque você, como meu amigo, parente, namorado ou simplesmente conhecido, TAMBÉM PRECISA LIDAR COM ISSO. E eu sei, sei mesmo, que se você entender o que acontece com o meu cérebro e o quanto isso me enlouquece, você terá mais paciência, e poderá ser mais doce e paciente comigo quando eu precisar de você.
Peço desculpas pelo que a ansiedade me leva a fazer diariamente, MAS NÃO PEÇO DESCULPAS POR PRECISAR DE AJUDA.
Compreenda, por favor: a culpa é da ansiedade, não minha. Mas juntos podemos achar uma saída.
Você acha que esse artigo descreve corretamente como se sente uma pessoa ansiosa? Passe adiante a ajude todo mundo a entender que ansiedade não é frescura e pode ser algo muito limitante.
Imagem de capa: Dmitry A/shutterstock
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