Patrícia Pinheiro

A melhor parte de você já foi amada?

As melhores partes de nós já foram amadas? Tenho certeza que já se apaixonaram pela cor ou pelo formato dos teus olhos, mas já se deixaram comover pela maneira única como eles enxergam o mundo?

Acordei, outro dia, de um sonho um tanto peculiar: eu estava parada, à noite, no meio de uma rua aleatória, quando um grupo de meninas passou cantando – e em inglês – o que seria algo do tipo: ” A melhor parte de mim nunca foi amada”. Era uma música linda, e consigo me lembrar apenas dessa curiosa frase.

As melhores partes de nós já foram amadas? Tenho certeza que já se apaixonaram pela cor ou pelo formato dos teus olhos, mas já se deixaram comover pela maneira única como eles enxergam o mundo?

Já desejaram ser a respiração ofegante que sopra em teus ouvidos, mas conhecem e respeitam o dom terapêutico de escuta que eles têm?

Já te amaram pelos desejos que teus lábios provocam, mas quantos conhecem a fundo os motivos que os fazem desenhar os melhores sorrisos? Quantos te decifram pelo timbre? Quantos te elogiam pela eloquência, ou te emprestam palavras e tranquilidade na falta dela?

Já encontraram sensualidade e conforto nos teus ombros, mas te amam, também, pelo peso que eles já tiveram de carregar? Conhecem e respeitam as dores que, ao longo do tempo, os moldaram?

Já amaram o lindo formato das tuas pernas, mas ovacionam a tua determinação – ainda que fraquejante – para nunca ter desistido de seguir em frente? Te admiram pela coleção de trajetos que te fazem ser quem és?

Muitos valorizam o aperto e a textura das tuas mãos, mas quantos se orgulham verdadeiramente de todas as pequenas mágicas que são capazes de brotar delas? Quantos te amam pelo dom?

Muitos já fizeram teu coração acelerar, mas quantos – por conhecerem cada rachadura dele – o afagam constantemente e garantem que a vida seja bem mais que seus batimentos?

Existe beleza na presença e ausência de cada pedacinho de nós, mas, se for para amar, que nos amem por inteiro; que amem nossas melhores partes, que sempre serão aquilo que o físico pode até transbordar, mas jamais capturar totalmente.

Imagem de capa: Rohappy, Shutterstock

Patrícia Pinheiro

Gaúcha e estudante de Psicologia. É escritora e revisora de textos na Sociedade Racionalista, colunista do CONTI outra, artes e afins, Fãs da Psicanálise, Inspiring Life e escreve, ainda, para o Blogueiras Feministas; Brasil Post; Benfazeja; Psiconline Brasil e Puta Letra. É feminista, apaixonada por moda e assumidamente viciada em filmes e séries. Ainda irá viver da escrita.

Share
Published by
Patrícia Pinheiro

Recent Posts

Falecido Agnaldo Rayol emocionou vizinhos ao cantar ‘Ave Maria’ da varanda durante pandemia; assista

Nesta segunda-feira (4), o Brasil se despede de Agnaldo Rayol, que faleceu aos 86 anos…

16 horas ago

Última apresentação de Agnaldo Rayol foi eternizada em vídeo; lúcido com voz potente

O cantor Agnaldo Rayol, uma das vozes mais marcantes da música brasileira, faleceu na madrugada…

16 horas ago

“Cozinharam nosso cachorro”: tutor denuncia negligência em pet shop após perder cadelinha

A perda de Filó, uma cadela da raça bulldog francês de cerca de dois anos,…

3 dias ago

Chefe explica “teste da xícara de café”, método decisivo usado em entrevistas de emprego

No competitivo mercado de trabalho, a preparação para entrevistas de emprego costuma envolver currículos impecáveis…

3 dias ago

Você sabia que dormir abraçado ao travesseiro pode indicar sua personalidade?

Você já parou para pensar no motivo de dormir abraçado ao travesseiro? Esse hábito comum…

4 dias ago

Filme da Netflix retrata a luta de uma mãe e vai te emocionar com uma dose de esperança

O cinema consegue traduzir sentimentos e vivências que, muitas vezes, vão além das palavras. No…

4 dias ago