Há poucos dias ouvi um programa de rádio bem interessante que falava sobre a importância de desenvolvermos dentro de nós a verdadeira MALÍCIA, que infelizmente foi bastante distorcida em nossa sociedade.
Para muitas pessoas ter malícia tem uma conotação sexual, já pensou que coisa reducionista? Isso tem mais a ver com ser malicioso e concupiscente, o que é outra coisa.
Malícia, sendo bem direto, é a sensibilidade para identificar o mal. Ou seja, é eu desconfiar que existe algo de suspeito no comportamento e na postura de alguém.
Eu considero até vital que desenvolvamos essa malícia, porque o oposto dela é a INGENUIDADE, que à princípio deveria ser algo bom, mas como vivemos em uma sociedade adoecida, se torna perigosa.
Ser ingênuo significa “se comportar de acordo com os genes”, ou seja, com a essência primordial, como uma criança que está descobrindo o mundo.
A ingenuidade é a perspectiva da criança, sem maldade no olhar e nas ações. Para sobrevivermos nesta sociedade não podemos ser assim, porque literalmente seremos MASSACRADOS pelos outros. A vida não tem pena de quem não aprende a lidar com as situações da existência, ela bate com força!
Quando eu era mais jovem era sim muito ingênuo, e precisei “apanhar” diversas vezes para entender que existe muita maldade entre as pessoas, mas se aprendemos a nos proteger delas, a vida ganha um brilho todo especial.
Hoje eu tenho bastante sensibilidade para identificar pessoas más e perversas, mas sem JULGAMENTO entende? Esse ponto é bastante sutil e vou colocar com bastante clareza para que você me entenda. Achar que uma pessoa é boa ou má é algo bastante subjetivo, pois uma pessoa pode ser considera boa para alguém, e essa mesma pessoa pode ser vista como má por outra.
Nessa hora não cabe julgamentos, mas antes de tudo isso o SENTIMENTO. Eu faço assim! Se me sinto confortável perto de alguém, vou me aproximando pouco a pouco de sua realidade e seu universo, para ter a certeza de que ela realmente é boa para mim. Mas se alguém se aproxima e de cara não me sinto bem, ou seja, fico desconfortável, me afasto. Isso é sensibilidade. Sempre sigo o meu coração e sei que sempre que isso acontece é um livramento para minha vida.
Através desse pequeno texto quero lhe levar a pensar junto comigo sobre a MALÍCIA na sua essência.
Tem outro detalhe aqui. Nós sabemos muito bem que cada pessoa está em um grau muito particular de evolução e crescimento humano. Muitas vezes existem pessoas de ótima índole, mas que ainda estão engatinhando nos seus processos de autoconhecimento e precisam passar por inúmeras experiências para se tornarem autênticas e seguras de si.
Não há nenhum problema, nem pecado, nem nada parecido, se você não quiser conviver com essa pessoa entende? Não é tão simples explicar isso. São os processos individuais de evolução. Muitas vezes (quase sempre para falar a verdade), é um ato de amor deixar a pessoa livre para experienciar tudo aquilo que ela precisa sem nenhum tipo de INTERFERÊNCIA da nossa parte, sabe? Porque é uma questão de estar preparado internamente. Essa é uma questão tão ampla que pode ser levada até mesma para os relacionamentos amorosos.
É comum um dos parceiros ter mais experiências de vida do que o outro e aquele que é mais maduro não ter paciência com o mais imaturo e acaba se tornando um JULGADOR ou uma pessoa difícil de conviver.
Uma postura mais sensata em se tratando de relacionamentos é o diálogo franco e honesto. Dizer à pessoa: “Olha! Eu sou assim, assim e assado, penso desta e daquela maneira em relação a tal coisa. Se você não se incomoda com isso e quer continuar ao meu lado sabendo disso, ótimo. Senão, precisamos seguir nossos caminhos separadamente…”.
Pouquíssimas pessoas tem essa consciência dos processos evolutivos individuais. Como esse tema é muito amplo, voltarei a falar sobre ele em textos futuros.
Portanto! Que você busque sempre SEGUIR O SEU CORAÇÃO. É ele que pode lhe dar a verdadeira malícia para descobrir que existe maldade nas situações em que você está inserido.
E para concluir, recomendo fortemente que você escute esse programa de rádio que me serviu de inspiração para escrever esse texto. Trata-se do programa Entrevidas, com o terapeuta Marcello Cotrim, da Radio Mundial. O nome do programa é “Malícia” e pode ser ouvido neste link abaixo…
Imagem de capa: Everett Collection, Shutterstock
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