Luverlandio Silva

A beleza de uma vida compartilhada com quem a gente ama

Felicidade é singular. Eu tenho a minha felicidade, você a sua, eles as deles. Cada qual com a propriedade de fazer-se feliz como indivíduo pleno, neste mundo imenso de prazeres e dissabores. É responsabilidade de cada um ir atrás das aspirações que estão no cerne de cada particularidade da beleza pessoal, que todos possuem. E tem coisa mais gostosa de que viver uma vida de bem com tudo e com todos? Leve, com tranquilidade e serenidade no olhar? Não há. E para viver assim é preciso só querer.

Tem gente que deposita todas as fichas daquilo que lhe faz bem em externalidades. Sobrecarrega a terceiros com cargas por quais não lhes são devidas, enchem-se de bens materiais, em superficialidades e, não percebe a real necessidade de olhar para dentro de si, reconhecer, então, essa energia latente nascendo dia a dia na própria existência. Não lá fora.

Às vezes é mais difícil lapidar a casca grossa que nos envolve de dissabores para, assim, dar-lhe espaço para o coração encher-se de prazeres. Pequenos prazeres. Como dormir em uma noite de chuva fina melodiando a madrugada inteira, acordar com saúde e disposição para mais um dia de labuta, ou no domingo de feira e pastel quentinho, caldo de cana geladinho. Prazer de um sorriso sem motivos, apenas por sorrir. Do abraço que protege onde não há de ser protegido, abraço de amizade, de carinho, de excitação. Felicidade de estar bem consigo mesmo.

Todos têm o direito e dever de encontrar o sentido da própria vida. Seja ele qual for; é trabalhar duro para ter um futuro – financeiramente – estável, trabalhar o suficiente e viver a excelência do minimalismo do ter e “só” ser, fazer uma faculdade ou um mochilão no exterior… Oportunidades não faltam. Quando é entendido que para ser feliz não é preciso ninguém além da própria companhia, nos tornamos a melhor versão de quem poderíamos ser. É um constante crescimento. Mas, a vida não é feita exclusivamente de sorrisos, e isso faz parte. É bom também. Ser pleno é valorizar as alegrias e saber encarar as dores que virão sem aviso prévio. Dores que pegam a gente de surpresa e, nossa, é tenso as barras que precisamos — precisaremos — segurar.

Eu sei que nascemos sozinhos e morreremos idem, mas no percurso de um ponto a outro é inegável a felicidade de olhar para o lado e, mesmo sabendo que estamos sós, encontrar em outros olhos uma plenitude que apoia e está lado a lado para ser suporte, para ser abrigo, para estar junto.

Por isso sou fã de uma vida compartilhada. Uma vida a quatro mãos, que podem se transformar em seis, oito, dez… Quando duas pessoas que são felizes por si mesmas estão juntas o universo para, olha, conspira e diz: vocês podem tudo juntos. Sim, tudo. Claro que a responsabilidade pela nossa felicidade é individual, mas a felicidade daqueles que nos amam e que amamos potencializa os nossos sorrisos, enriquecem as nossas experiências emocionais, colocam-nos em um patamar mais próximo do céu. Do paraíso de viver uma vida regada de energias positivas.

Uma vida compartilhada tem a beleza que é saber que quando a dor bater, quando ela chegar de supetão ou de mansinho a gente sabe que, sozinhos, não estamos. Porque aqueles que nos amam e dividem a felicidade com a gente serão os primeiros — talvez, e que assim seja, os únicos — a não deixarem a gente cair. Dão-nos as mãos, os braços, o peito. O coração se necessário. Ser feliz sozinho é fundamental, mas quando possuímos alguém que deseja veementemente ser parte do nosso todo, da nossa bagunça, é uma benção divina. É raridade das grandes.

Imagem de capa: Cultura Motion, Shutterstock

Luverlandio Silva

Nasceu no Piauí e cresceu em São Paulo, mora atualmente em Santo André – SP. Apaixonado pela área de exatas, mas tem o coração nas artes e escrita; trabalha e defende o meio ambiente e, as causas naturais: sentimentos; afetos; amor.

Share
Published by
Luverlandio Silva

Recent Posts

Esse filme de romance da Netflix é a dose leve e reconfortante que seu fim de ano precisa

Se você é fã de histórias apaixonantes e da fórmula que consagrou Nicholas Sparks como…

3 dias ago

Na Netflix: Romance mais comentado de 2024 conquista corações com delicadeza e originalidade

Se você está à procura de um filme que mistura sensibilidade, poesia e uma boa…

5 dias ago

Pessoas que foram mimadas na infância: as 7 características mais comuns na vida adulta

Uma infância marcada por mimos excessivos pode deixar marcas duradouras na personalidade de um adulto.…

7 dias ago

“Gênios”: Saiba quais são as 4 manias que revelam as pessoas com altas habilidades

Alguns hábitos podem parecer apenas peculiaridades do cotidiano, mas segundo estudos psicológicos e pesquisas científicas…

7 dias ago

As 3 idades em que o envelhecimento do cérebro se acelera, segundo a ciência

O envelhecimento é um processo inevitável, mas não linear. Recentemente, cientistas do Primeiro Hospital Afiliado…

1 semana ago

Desapegue: 10 coisas para retirar da sua casa antes de 31 de dezembro

Fim de ano é sinônimo de renovacão. Enquanto muitos fazem balanços pessoais, é também um…

1 semana ago