Dirigido por Alexander Payne e protagonizado pelo galã Matt Damon, o filme “Pequena Grande Vida” (Downsizing) surpreendeu-me em diversos aspectos que vão do humor nada convencional e tragicômico à crítica a diversos esteriótipos sociais da atualidade.
No enredo, devido a evolução científica, as pessoas passam a ter a opção de diminuir de tamanho, ficar com 13 cm de altura, e viver em pequenas comunidades ao redor do mundo.
Se o primeiro terço do filme se arrastou no que parecia um filme de sessão da tarde enfadonho e sem graça, o segundo momento deu abertura para uma explosão de reflexões sociais. Ou seja, se você também achar o começo do filme chato, espere mais um pouco! E, o contrário é verdadeiro, se você gostar da primeira parte, a chance de não gostar da segunda é bem grande porque o estilo muda.
Abaixo, listo uma série de motivos relacionados ao comportamento humano que me fizeram gostar desse filme e indicá-lo para vocês:
A ideia de uma grande mudança é atraente quando nos cansamos de nossas vidas. Viagens habitam nossos sonhos. Queremos morar em lugares diferentes e conhecer coisas novas. Sempre existe uma ilusão de que a felicidade está em um lugar além do que conseguimos alcançar hoje. Ainda existe a ideia de que quem tem mais é mais feliz. E isso não foi diferente para o protagonista do filme e sua esposa. Logo, quando surgiu um o convite para mudança com uma proposta sedutora- e que disse o que eles queriam ouvir- eles foram imediatamente iludidos. Vendia-se a ideia de que o encolhimento seria ecologicamente correto (ideia socialmente bem vista), mas logo no início percebíamos que as pessoas queriam era fugir das suas rotinas.
O ser humano mantém-se em movimento pelo desejo que carrega dentro de si. Ele quer coisas novas, lugares e experiências diferentes. Depois da mudança e do período de adaptação, os problemas anteriores, que são levados junto com a pessoa em sua essência, permanecem. Outro ponto interessante é que as pessoas responsáveis pelo encolhimento não perdem o delírio de final apocalíptico do mundo- crítica aos movimentos radicais com os quais, de vez em quando, nos encontramos por aí.
A venda do processo do encolhimento traria uma possibilidade quase infinita de consumismo através do aumento do poder de compra. O filme satiriza essa situação humana com bastante ênfase. O dinheiro valeria muito mais e compraria muito mais. Comprando mais as pessoas seriam muito mais felizes….mas a coisa não é bem assim.
Ngoc Lan Tran é uma ativista refugiada que teve sua perna amputada. Sua entrada no filme é triunfante com momentos de humor.- inclusive humor negro. É ela que indica ao nosso protagonista, através de suas ações, que a vida precisa de um sentido e que existe uma beleza humana que está muito além da aparência externa.
O filme mostra que a ideia de que existe um lugar perfeito e administrado com excelência é mais fruto das nossas expectativas do que da realidade. Uma vez que as pessoas estão na comunidade, suas personalidades e traços de carater vão com elas. E, como vocês poderão ver, nem sempre essas características são as ideais.
A felicidade, dentro do enredo, só será encontrada quando o mundo for visto como ele realmente é. O homem, lá inserido, só achará razões para viver e voltar a ser feliz, quando nesse mundo tiver uma contribuição que justifique sua existência e auxilie na existência dos outros.
Eu adoraria saber a opinião de vocês sobre o filme. Qual parte mais gostou? Ou, se não gostou? Por que não gostou?
Lembrem-se sempre que esse é um espaço de discussão onde não existem donos da verdade. Estamos aqui para trocar informações e formarmos nossas próprias opiniões.
Imagens: reprodução
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