Ju Farias

O que você fez com seu coração?

O que se leva da vida não é o carro que se tem, a casa na praia ou o passaporte cheio de histórias para contar. O que se leva da vida, meu amigo, é o amor que se deu, que se recebeu, que lhe arrancou sorrisos e uma porção de borboletas no estômago.

O que se leva da vida são as mãos entrelaçadas, os pés colados na hora daquele filminho água com açúcar. O que se leva da vida são as formas infinitas de se dizer “eu te amo” e de praticar todas elas com verdade e sabedoria.

O que se leva da vida não são as dores vividas, nem as derrotas guardadas a sete chaves dentro do armário. O que se leva da vida não são as quedas, as tantas quedas ao longo do caminho, mas o que conseguimos aprender com elas.

Não são os erros, as atitudes egoístas, as duras verdades escondidas. Nada disso, meu amigo. O que se leva da vida são os abraços não desperdiçados, não sonegados, nem negados pela falta de tempo.

Aliás, o que se leva da vida não é o tempo que passou voando, mas o quanto aproveitamos essa louca aventura que o próprio tempo nos proporciona. O que se leva da vida não são os livros que lemos, mas o quanto cada história fez diferença naquilo que achamos que somos.

O que se leva da vida não é a matemática aprendida na escola que, aliás, só faz subtrair abraços em prol do tempo que segue na sua velocidade célere. Enquanto isso, vejam só, nós seguimos tentando entender o amor e fazemos isso mais lentos que o sol, que leva 200 milhões de anos para completar uma órbita em torno do centro da galáxia.

O problema é que nós não duramos tudo isso e sempre corremos o risco de irmos embora sem termos aprendido que o amor não é pra ser entendido. O amor é para ser vivido. Aí, vamos perdendo aquele cara bacana só porque não suportamos que ele seja diferente de nós.

E aí, vamos deixando pra trás aquela moça bonita, aquela que nos ensinava o poder da gratidão, só porque não sobra muito tempo para agradecer. E vamos seguindo em frente sozinhos, afinal de contas, nascemos sozinhos, não é assim que se diz?

Bom, hoje eu queria dizer pra vocês que não, que não nascemos sozinhos. Nascemos cheios de oportunidades de encontrarmos pessoas pelo caminho. Gente como a gente que também busca uma mão para que a caminhada seja leve.

E aí buscamos um amor verdadeiro, que nos abrace, que nos acalme, que aceite seguir em frente conosco – apesar das nossas mazelas. Alguém que aceite andar de mãos dadas para que a maré não nos derrube. Porém, na bem da verdade, nós não buscamos um amor verdadeiro, porque quando o encontramos não sabemos como segurá-lo.

E sabe o que isso significa? Que até agora não entendemos que amor não se segura. Amor se acolhe, se afaga, se coloca no colo antes que a tempestade o leve pra longe, para outro porto, para outro ninho, para outros braços.

É carnaval e o povo todo vai pra rua gritar as marchas de alegria. E quando voltam da praia, da serra e da rua, mal sabem onde deixaram o coração. Hoje eu queria pedir que você abrace o seu amor, mas abrace forte para que ele (ou ela) compreenda que é no seu peito que encontrará a paz.

E você que ainda não o achou, acredite em mim, ele está mais perto do que você imagina. Às vezes, quase sempre, é só uma questão de não dar bola para o que o tempo diz e escutar apenas a voz do coração.

Repito, escutar apenas a voz do coração. Afinal de contas, o que se leva daqui é justamente o que você fez com ele na sua oportunidade de estar vivo.

Imagem de capa: Cultura Motion, Shutterstock

Ju Farias

Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.

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Tags: coração

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