Jorge Amaral

Abençoados sejam os amores distantes.

Responda-me com sinceridade: Você acha mesmo que a distância pode sustentar um sentimento a ponto de manter aceso o amor? Ou acha que a saudade pode causar o esquecimento?

Dizem que, quando o amor é de verdade, torna-se forte o suficiente para fazer com que a distância seja uma aliada. E que, ao ponto de vista de um apaixonado, passa a ser um detalhe insignificante. É claro que gostaríamos sempre de adormecer, e sim, acordar todos os dias, junto à pessoa que amamos, mas a alegria que sentimos em saber que, em algum lugar, existe alguém louco o suficiente para aguentar a tristeza de não estar ao nosso lado a cada manhã, alguém que suporta a saudade que às vezes, faz chorar, mas com a certeza de que distância nenhuma vai fazer com que o amor diminua, faz com que tenhamos coragem para suportar a dor. Sim, porque a distância separa os nossos olhares, mas une os nossos corações.

Quando falamos de amor, falamos de um sentimento excepcional, que supera todas as diferenças, e que traz à tona aquilo que existe dentro da gente, um sentimento que resiste ao próprio tempo. Falamos de um sentimento abençoado, que se fortalece com a distância e faz com que aquilo que é que traz saudade, seja apenas uma renúncia para que possamos viver dias de felicidade. É um sentimento do qual é difícil fugir, e quando se trata realmente de amor, digo com certeza que é impossível esquecer!

Talvez não exista amor à primeira vista, mas acredito na inspiração que o amor traz. E viver essa inspiração parece até cena de um filme, baseado naquilo que vivemos como uma história. Depois do carinho, das flores, do chocolate, ai então vem as palavras carinhosas, floridas e adocicadas, terminando muitas vezes, num “eu só quero você”. Tá, mas ai vem o momento da separação. E então, estando ambos distantes vem a saudade. As lágrimas vêm, ouvindo as músicas preferidas, vendo as fotografias ou lendo uma cartinha de amor. E como é precioso um telefonema com as palavras: “só liguei para ouvir tua voz”. E nos entristecemos por não ver aquele sorriso, por não ouvir uma gargalhada apaixonante. Pensamos então, que vamos morrer de saudades, ou que vamos perder o juízo, mas nos lembramos das juras de amor, e por um momento pensamos em pular de alegria, pela certeza de um amor, que mesmo distante, nos faz ser pessoas especiais.

Chegamos então à conclusão de que já fizemos nesse tempo, um amor eterno. Já choramos e sorrimos o quanto podíamos. Agora o que queremos mesmo, é proteger esse amor, e não permitir que morra o desejo de mantê-lo, mesmo que, longe dos olhos, bem juntinho ao coração. Para que uma gota desse amor abençoado, venha a transbordar como um rio que leve a tristeza e traga a alegria num tempo determinado.

E assim, todas as lamentações da saudade, saudade da praia, do céu estrelado, das risadas ao vento, das flores pelo caminho, da voz presente, e de tudo que traz lembranças, estarão eternizadas na ausência momentânea da pessoa amada. E serão, com certeza, um presente para um amor que está distante.

Imagem de capa: fizkes, Shutterstock

Jorge Amaral

Jorge Amaral, brasileiro, natural de Ataléia/MG. Colunista e escritor semi-profissional. Livro publicado – PALAVRA É ARTE – Coletânea com outros autores. Escrevo porque considero a minha vida como uma eterna poesia, porque me perco na escrita e me encontro na leitura.

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  • Eu acho que o amor pode manter vivo sim dependendo das recordações e experiencias vividas. O que dizer de um amor aonde não houve romantismo, flores, chocolate e aquelas pequenas coisas que fazem toda diferença mas sim, a mesma rotina todos os dias. Acho que uma mor assim não sobrevive a distância.

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