Bruna Cosenza

Conselho para todos com o coração partido

Acho que essa é uma das grandes verdades universais: todo mundo já teve ou terá seu coração partido ao menos uma vez na vida. E quer saber? Está tudo bem!

Esse texto é para vocês que – hoje, agora, nesse momento – vivem uma decepção amorosa. Não importa o tipo de coração partido que você tenha, o que importa é estar vivendo esse momento da maneira mais inteligente possível. Isso porque vivenciar a experiência de ter um coração partido é um grande motor de transformação em nossas vidas.

Muita gente tem medo de sofrer e quer fugir de qualquer jeito desse sentimento, mas a verdade é que precisamos viver essa dor até a última gota. Primeiro porque essa é a única maneira de nos livrarmos dela de uma vez por todas e segundo porque isso proporciona um baita crescimento.

Então, vamos lá. Meu primeiro conselho é bem básico: se você está sofrendo, tenha consciência de que precisa passar por todas as etapas dessa dor. Isso varia muito de pessoa para pessoa, mas independente de como for, é importante passar pelas fases desse coração partido. Vamos lá?

Fase 1: Sofra tudo que tiver para sofrer.

Logo que o nosso coração é partido, a primeira coisa que queremos é nos livrar da dor. Não queremos nos sentir mal e chorar pelos cantos, mas eu garanto que isso é extremamente necessário. Você acabou de vivenciar uma perda e precisa viver esse luto. Precisa chorar, reclamar, sentir que o mundo está desabando e que falta ar para respirar. Se você não viver isso agora, mais tarde pode sofrer as consequências. Então, sofra sem medo para depois sentir o alívio de que não resta dor no seu corpo.

Fase 2: Fale sobre o assunto até não poder mais.

Nesse momento inicial também é muito importante falar sobre tudo que te magoou. Quando colocamos os nossos pensamentos e sentimentos para fora, muitas vezes fica mais fácil entender os motivos daquele coração partido. Falar é importante porque ajuda a cicatrizar, além de sempre ser bom ter um ombro amigo nesse momento. Procure pessoas que estejam dispostas a ouvir sua dor e possam dar conselhos construtivos nesse momento. Por mais que você possa se sentir solitário nesse hora, se lembre de que há muita gente ao seu redor disposta a te ajudar. Se preferir, escreva uma carta sobre tudo o que está sentindo – qualquer tipo de comunicação é válida nesse momento.

Fase 3: Aproveite momentos de solidão ou busque boa companhia.

Um coração partido costuma provocar dois tipos de reação: a pessoa pode sentir necessidade extrema de se isolar por determinado tempo ou então buscará continuar sua vida social normalmente. Eu, particularmente, sou do primeiro tipo e costumo recomendar aluns momentos de solidão após o término. Principalmente porque acredito que é nessas horas que conseguimos organizar melhor nossos pensamentos. No entanto, tem gente que prefere sair e continuar a vida social com amigos e familiares. Acho essa opção super válida, mas sempre falo para os meus amigos ficarem atentos sobre estarem tentando se enganar e fingirem que já estão bem. Se quer sair com os amigos, pode sair, mas não tente fingir para o mundo que está tudo bem se não estiver. É importante respeitar o luto.

Fase 4: Aprenda coisas novas: busque um hobby ou uma paixão para te preencher.

Uma coisa que sempre me ajudou muito nesses momentos foi fazer algo que me completava. No meu caso, a escrita tem um papel de cura muito importante, mas cada um pode encontrar a sua paixão. Pode ser algo como fazer esportes, ler livros, viajar, ir ao cinema, tocar piano, e por ai vai. Caso não tenha nenhum hobby ou paixão, fique atento, pois essas fases de sofrimento costumam ser bons momentos para descobrirmos coisas que amamos fazer. Aprender coisas novas e que você não fazia antes pode ajudar a abrir os olhos para um novo universo totalmente desconectado da pessoa que não está mais em sua vida. Meu maior conselho é evitar por um tempo lugares que iam e atividades que faziam juntos.

Fase 5: Planos para o futuro: se desprenda do passado e busque se reconstruir.

Aqui é o momento em que ser negativo e continuar falando sobre a dor já não é bom. É a hora de se desprender e começar a olhar para o futuro. Chega de remoer o passado: trace novos planos para o futuro, busque manter os bons e velhos amigos ao lado, mas sempre tente expandir seus horizontes para círculos de pessoas que são desconhecidas. Isso ajuda muito, pois te faz enxergar que existem muito além daquele indivíduo que ficou para trás. Existe sim MUITA vida para ser vivida e você deve começar a celebrar isso cada vez mais!

Fase 6: Se abra para novas conquistas e amores!

Chegou a hora de se abrir e deixar a vida te apresentar a novas pessoas que possam te fazer bem. Se na fase anterior você já estiver expandindo seu círculo social, isso será bem mais fácil. Junte tudo o que aprendeu até aqui e coloque em prática! Faça coisas novas que te motivem, se dedique a algo que te faça acordar todos os dias feliz, valorize a vida e esteja sempre aberto para novos caminhos e pessoas que possam aparecer. Nesse momento, você já estará muito mais maduro e terá plena consciência de que aquele coração partido precisava acontecer daquele jeito. Já não há mais mágoas e dor latejante. Talvez você ainda se sinta um pouco agoniado, mas isso vai se dissipar cada vez mais, eu garanto.

___

Não é fácil nem simples seguir esses passos, mas eu garanto que no final você agradece por ter passado por isso. Na realidade, a cicatrização nada mais é do que um processo: se no começo nos questionamos os motivos daquela dor, no final já temos as respostas. O importante é não desistir, não se entregar para o sofrimento e sim persistir na sua felicidade – aos poucos você percebe que ela está o tempo todo a sua volta, basta ser forte o suficiente para agarrá-la e não deixá-la ser maior do que todo o sofrimento.

Imagem de capa: Aleshyn_Andrei, Shutterstock

Bruna Cosenza

Bruna Cosenza é paulista e publicitária. Acredita que as palavras têm poder próprio e são capazes de transformar, inspirar e libertar. É autora do romance "Lola & Benjamin" e criadora do blog Para Preencher, no qual escreve sobre comportamento e relacionamentos do mundo contemporâneo.

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