Por Isabela Nicastro – Sem Travas na Língua
Pode até parecer, mas não é. Essa minha cara de menina, com sardas e cabelos cacheados pode demonstrar fraqueza e imaturidade, eu sei. No entanto, o coração não é de mocinha, bela, recatada e do lar. Ele é revestido de uma experiência que supera a própria idade e a cara de “menina moça”, como diz minha mãe. Aqui dentro, bate um coração maduro, um coração de mulher.
Ele é sim, todo calejado porque bateu demais por quem não pôde senti-lo. Tem algumas feridas abertas que, vez ou outra, ainda insistem em sangrar. Há também inúmeras cicatrizes entre as saídas de veias e artérias. Cicatrizes essas que só fizeram com que ele bata com ainda mais força e resistência. De vez em quando, ele também cansa. Não apenas por conta do sedentarismo, do bacon e da Coca-Cola, mas principalmente, por brigar tanto com a razão. Eles vivem em uma guerra constante.
Ao longo de toda a sua existência, meu coração também aprendeu algumas coisas essenciais. Ele sabe bater forte, mas entende que poucos irão escutá-lo. E aí, quando não puderem escutar, apesar de difícil, ele consegue voltar à frequência de antes. Aprendeu isso com o tempo, depois de quase sair pela boca, insistindo em bater por quem não merecia ou não queria escutar o seu som. Algumas vezes, ele ainda se confunde, é inevitável. Mas aí, nesse tempo, ele faz as pazes com a razão e ela ajuda a guiá-lo.
Talvez essa seja a grande diferença entre um coração de mocinha e um de mulher. É preciso que ele passe por algumas situações, que reaja a outras e, principalmente, que ele identifique o momento certo de brigar com a razão e o de acatá-la. Por mais que o sentimento se sobressaia, não há como dar total autonomia a ele. É preciso que ele grite, mas, sobretudo, que a razão o traduza.
Além disso, o coração precisa ser amado por quem o carrega. E é o que tento fazer a cada dia. Aprender a amá-lo, assim do jeito que é. Com todas as suas imperfeições, os seus erros, as suas cicatrizes. É preciso aceitar a sua essência confusa e, por vezes, bipolar. E mais importante do que isso, é fazer com que ele nunca pare de bater, que ele nunca desista, apesar dos pesares. Que ele esteja novo a cada recomeço e mais experiente a cada final.
Afinal, ele precisa da garra de uma mulher e não de uma mocinha.
Fonte indicada: Sem Travas na Língua
Imagem de capa: bondart, Shutterstock
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