Em primeiro lugar, chore.
Nada pode ser mais importante que a lágrima – o estado líquido da alma -, para lavar o teu rosto, já cansado de tanto penar. Chore para compreender e, também, para desabafar. Chore para desentristecer e para desanuviar. Chore para esquecer e, não importe-se em chorar novamente, quando – certamente – lembrar. Encoste a tua cabecinha no ombro de alguém e chore, ou chore só – se assim preferir, mas, jamais envergonhe-se das tuas lágrimas, tão preciosas e pessoais, tão somente tuas – representações sentimentais. Chore até chover tanto nas tuas encostas, que as tuas lágrimas soterrem em ti – até nunca mais serem encontradas – todas as coisas que tanto adoecem-te e, por serem vitais, não podem simplesmente serem arrancadas. Chore com consciência de que as tristezas não desaparecem no ar, mas – independentemente – não podem impedir-te de continuar. Chore durante o dia inteiro – se achar necessário – e, se por acaso as tuas lágrimas secarem, não preocupe-se, é que a tua alma está recuperando-se – ainda que o teu corpo continue a soluçar.
Perdoe.
Perdoe para elevar e para – enfim – dormir. Perdoe para descansar e para – então – sorrir. Perdoe-se todos os dias, por não viver como se fossem os teus últimos dias, mas prometa-se – também diariamente – a jamais deixar de olhar para a frente. Perdoe aquele que te fez mal, com o mesmo amor que perdoa-se, para que um dia o teu perdão seja capaz de amar – tanto quanto você é. Perdoe de coração para coração, e não de boca para a boca. Perdoe e ofereça uma mão, escondendo sempre a outra. Sempre que alguém perdoa, uma esperança é semeada – na horta do teu próprio coração. Sempre que um coração é perdoado, teu adubo é fortificado e, faz brotar em si, a planta de uma nova construção. Seja capaz de perdoar e, conseguirá, dormir – novamente – como uma criança. Aprenda a perdoar e, enfim terá, a chave da tua própria esperança.
Não prive-se.
Não engaiole o teu coração no teu peito – muito menos no peito de outra pessoa -, passarinho que é, o coração é feito para ser livre e voar – respeitando sempre o tamanho das tuas próprias asas. Não empedre o teu coração, pois estátuas não podem sofrer, mas também não são capazes de viver e, tampouco de amar. Esteja ciente de que o passado – por pior que tenha sido – não pode manter-se eternamente presente e, você, é diretamente responsável por tudo que virá pela frente. Viva, viva com vontade e, procure irradiar as tuas mais bonitas energias, para que assim, outras bonitas energias cruzem os teus caminhos. Vá a novos lugares e conheça novos – e arrebatadores – olhares. Precisamos tanto de companhia, quanto de solidão, em doses precisas, que só podem ser receitadas por nós – para uma boa saúde do nosso próprio coração.
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Por último (e não menos importante), ame.
Ame para estancar e para reconstituir. Ame para levantar e ame para prosseguir. Ame para proteger e para libertar, mas, jamais, deixe a falta impedir-te de amar. Encante-se pelas flores dos teus jardins e, não passe nem um dia sequer, sem semear por aí, todo o amor que brota em ti. Ame-se por dentro e por fora, não espere por uma mudança, ame-se agora. Seja capaz de amar as tuas imperfeições e, conseguirá, entender – também – as que não são tuas. Seja capaz de amar as tuas limitações e, alcançará, a luz natural das tuas próprias ruas. Ame-se no espelho e, também, sem observar-se. Ame-se hoje, como se amanhã, não fosse mais encontrar-se. Ame – simplesmente – por saber, que somos capazes de amar e, entenda que para vencer – muitas vezes – precisamos recuar. Ame-se – enfim – por ser, toda a verdade que pode haver, nas tuas infinitas possibilidades de amar.
Imagem de capa: Eakachai Leesin, Shutterstock
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