Desejamos tanto a chuva e quando ela vem nos protegemos dela. Desejamos tanto o frio e quando ele chega nos agasalhamos reclamando. Depois queremos que venha o calor, mas daí ficamos mais estressados ainda. Pedimos um amor pra toda vida e quando ele aparece, sorrateiro e caladinho, dispensamos ou não sabemos cuidar. Pedimos saúde deitados no sofá. Oramos por bênçãos nos teclados do celular. Queremos emagrecer, engordar, caber na roupa, ajustar, folgar. Queremos barba, queremos depilar. Queremos tudo e tudo fazemos ao contrário. Deixamos as contas pra depois, louças quebradas no armário. Queremos um cachorro e não gostamos dos pelos pela casa. Compramos bicicletas, mas não gostamos de sol na cara.

Nunca estamos felizes essa é a verdade. E seria tão simples o se-lo. Felicidade está naquilo que deixamos acontecer, deixamos aparecer, cativamos, plantamos pra depois colher. Sejamos simples, humildes, menos exigentes, menos marketing e mais produto. Sejamos sorriso gratuito, sejamos abraços fortuitos, sejamos andar ao sol, admirar a lua, banhar na chuva e pisar na lama. Sejamos desarrumar a cama, não maquiar o rosto, se contentar com o esboço, reconhecer quem nos ama. Sejamos um bom dia, sejamos alegria, sejamos um café, sejamos fé, sejamos criança, sejamos lambança.

Mude, fuja dos rótulos, esqueça o virtual, tire as máscaras do varal, saia do populismo, caia no improviso de escrever ao léo e quem sabe o céu você possa conquistar. Vamos viver com o que temos, ensinar o que aprendemos, reclamar menos. Levantar quando sofremos, compartilhar o que recebemos, aproveitar o clima sem reclamar. Adapte-se, tire o que te esquenta, vista outra pra esquentar.

Viva mais, emburre menos. Tenha um dia maravilhoso com coisas de verdade, humildade, amor, pessoas de osso e carne, gestos concretos, amizade e muita coisa real em nossas vidas. Viva a vida de verdade.

Imagem de capa: Andrey Bondarets, Shutterstock

Cleonio Dourado

Escrever é uma fuga que sempre uso. Não tenho temas. Não tenho destinos. Alguns devaneios e desatinos, quem sabe. Solto as palavras ao vento. Viajo ao vê-las viajando pelo ar. Recolho as que voltam nos relentos das manhãs e me lavo em seus afagos. Me aguo, me renasço. Palavras me acariciam a alma, me despertam sentimentos, paz, calma. Leio, releio, rascunho e escrevo. Faço dos textos da minha lida, as estrelinhas da minha vida.

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Cleonio Dourado
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