A felicidade é para os fortes, meu filho. Para os destemidos, os resistentes, os ousados e os valentes. É uma graça que não vem de graça, não. Quem senta e espera ser feliz passa a vida reclamando. Felicidade é recompensa de quem faz por merecê-la, prêmio de quem vai buscá-la. A gente se movimenta, se articula, encara o que tem e o que vem, segue em frente, e ela se constrói em seu tempo, revela-se em nosso dia depois do outro. O trabalho mais trabalhoso do mundo é ser feliz.
Hoje encontrei um amigo triste e disse a ele: “desiste não, viu!”. É que a felicidade também mora na tristeza da gente. É preciso resolvê-la, compreender suas razões, entender seus motivos. Deixá-la doer como queira. Não há mal nenhum. Depois a gente lava o peito com a escova, o sabão e a água corrente do tempo que jorra de uma torneira aberta e segue em frente, numa manhã fresquinha de sol e festa. Meu amigo continuou aborrecido, mas uma hora passa.
Em cada pequena alegria da vida a gente vai sendo feliz e fazendo feliz quem nos quer bem, meu filho. Quando estamos tristes também é assim. Nosso jeito de lidar com a tristeza e sair dela com a cabeça erguida e o passo firme revela o tamanho da nossa vocação para a felicidade.
A gente complica, mas no fundo é tudo muito simples, filhote. Quando somos honestos com o que sentimos, quando não escondemos de nós mesmos o que passa aqui dentro, mantemos o movimento indispensável das coisas vivas e caminhamos rumo à alegria seguinte. Porque é no trânsito entre as alegrias e as tristezas que vive a nossa felicidade, esse estado de ser e estar que a vida inteira perseguimos, ora sonhando feito os cantores de karaokê, ora na lida dura de seguir em frente realizando o que podemos. Do jeito que pudermos.
Tem muita gente aqui e ali exigindo felicidade. Mas só meia dúzia disposta a pagar o preço. Ser feliz dá o maior trabalho. É obra para a nossa vida inteira.
Hoje eu também andei triste. Estou longe de casa e a saudade de você e do nosso cachorro me dói. Mas é o preço. Amanhã passa. Agradeço por ter um trabalho honesto que paga as nossas contas e nos ajuda a seguir tranquilos. Daqui a pouco estaremos juntos de novo, bagunçando o prédio, fazendo a distância de agora valer a pena, aproveitando para ser felizes juntos.
Então eu tenho a impressão de que a felicidade é o que a gente sente quando volta para casa, esse lugar qualquer do mundo em que nos sentimos amados e onde amamos também. Seja lá para onde vamos, voltar para casa é sempre o destino seguinte. Por ele a gente paga qualquer preço que a vida nos cobre. Por ele a gente paga, sim.
Agora falta pouco. Espera mais um pouquinho aí, meu filho. Aguenta aí que o papai já volta. O papai já volta já.
Imagem de capa: Kichigin, Shutterstock
Nesta segunda-feira (4), o Brasil se despede de Agnaldo Rayol, que faleceu aos 86 anos…
O cantor Agnaldo Rayol, uma das vozes mais marcantes da música brasileira, faleceu na madrugada…
A perda de Filó, uma cadela da raça bulldog francês de cerca de dois anos,…
No competitivo mercado de trabalho, a preparação para entrevistas de emprego costuma envolver currículos impecáveis…
Você já parou para pensar no motivo de dormir abraçado ao travesseiro? Esse hábito comum…
O cinema consegue traduzir sentimentos e vivências que, muitas vezes, vão além das palavras. No…
View Comments
Nossa.. Perfeito!