A vida é minúscula, comparada a imensidão de vezes em que pensamos em desistir. Relutamos, insistimos, mas as lágrimas continuam a escorrer no rosto. É involuntário. A verdade, é que a medida em que crescemos, tudo se intensifica. A responsabilidade, a saudade, os sonhos. A liberdade é o que mais almejamos, embora, na maioria das vezes, escolhemos ficar presos em alguém. No fundo, somos essa mescla incoerente que vai do amor às cicatrizes.
Falando em cicatrizes, todas são histórias cravadas na alma e no coração. É difícil lutar, quando nos sentimos fracos e estamos frágeis. Perder o rumo da vida é caminhar sem planos. Quantas vezes pensamos no outro e pegamos dores que não nos pertencem? Não julgo as pessoas boas. Acho, mesmo, que eu sou uma dessas: que enxerga o tempo curto demais para ficar sozinho e, ainda, acredita no ser humano. Tristeza faz com que as horas passem mais devagar. São as barreiras e obstáculos que nos dão forças. Que levam em frente o que empurramos com a barriga, que nos motivam a sermos melhores a cada queda e que, acima de qualquer frustração, amorosa ou não, levanta a cabeça e sorri.
Todo instante em busca da felicidade é um investimento impagável. É disso que estou falando… Estamos, constantemente, desejando algo. Procurando uma paixão que dure mais do que o rompimento do nosso último relacionamento. O melhor conforto, nesse caso, é saber que, às vezes, surpreendentemente, o amor pode durar até o último suspiro. Ou além dele.
Não importa o quanto somos fortes, saiba que traumas sempre deixam uma cicatriz. Aqui, relendo o meu livro, me lembro quantas pessoas já passaram por minha vida. Quantas continuam presentes, quantas tornaram-se passado. Quem será futuro? Não temos controle sobre nada, nem ninguém. Algumas nem devem lembrar, sequer, o meu nome, outras eu prefiro esquecer. Pessoas deixam cicatrizes, bem profundas que podem nunca curar. Aos poucos, vamos percebendo que podemos trocar e recolocar os curativos, que eles servem apenas para contribuir na nossa maturidade. E, no tempo certo, o machucado sara e para de doer.
Não sinta vergonha. Não esconda as suas cicatrizes. Algumas estão visíveis, outras ainda estão abertas. Cada uma delas simbolizam uma dor que traz à tona muitas coisas que gostaríamos de esquecer, para sempre. Cicatrizes cabem em todos os lugares. Para os desconhecidos, elas soam como um mapa secreto de particularidade. Cicatrizes não têm personalidade. Não podem, jamais, serem julgadas pela aparência. Não têm poros, pelos ou rugas. Não tem idade ou gênero. São como abraços, que protegem e escondem o que houver por baixo. Talvez seja por isso que alimentamos algumas delas. Afinal, dessa forma, tentamos esconder e camuflar a dor que ainda está latejando.
Cicatrizes não saram enquanto estivermos cortando. Cicatrizes são como tatuagens superficiais, comparada com a profundidade da agulha que perfura a nossa pele. Então, que sejamos francos: existem situações que não podemos prever ou evitá-los, é preciso encarar e enfrentar. É impossível driblar certos desatinos da vida. Ou afundamos, ou aprendemos a nadar para boiarmos. As cicatrizes serão sempre a melhor forma de dizer que algo aconteceu por ali…
Para qualquer problema, sempre haverá uma saída de superação. Mostre para tudo e todos do que você é capaz. Cale a boca de muitos, exceda as próprias expectativas.
E use esse lembrete do sofrimento, para nunca mais ser ferido.
Imagem de capa: ALEXEY DADANOV, Shutterstock
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