Ana Macarini

Eu tinha um medo… mas ele se perdeu no meio das minhas coragens bagunceiras!

Se a gente não fica atento, acaba criando medos de estimação. Acaba acreditando que é normal nos submetermos às ditaduras alheias acerca daquilo que somos ou não somos capazes de fazer, enfrentar, criar, guardar, alimentar ou deixar ir.

Se a gente não aprende a dar valor às nossas pequenas e grandes habilidades, fica perdido no meio das limitações ou autolimitações e termina por deixar passar oportunidades de escolha; oportunidades que nos livrariam das inúmeras ciladas a que nos candidatamos por inexperiência, teimosia ou falta de amor próprio.

Se a gente não se arrisca, fica boiando naquele lugarzinho do mar, da lagoa, do rio ou da piscina, onde a água não muda de tom, onde os nossos pés ainda alcançam o chão, e onde não há possibilidade nenhuma de mergulho, sob o risco de rachar a cabeça no percurso, por absoluta falta de profundidade.

Se a gente não aprende a dar umas boas enquadradas naqueles que vivem louquinhos para nos aprisionar, é bem capaz que nos transformemos em bonecas ou bonecos de teatro, daqueles que são movidos por cordinhas, absolutamente incapazes de irromper as bolhas de contenção de uma dinâmica de relacionamento que aprisiona e cala.

Se a gente não descobre, lá bem no fundo, do que é que a gente é feita, afinal; para que é que a gente vive, afinal; em direção a que, que vivemos correndo… corremos é o sério risco de nos acostumarmos a uma paisagem que nunca muda, a uma música que se repete eternamente, a uma vida sem risos à toa, sem frio na barriga, sem calor no peito; sem gosto, sem cheiro e sem cor.

Se a gente não olha bem nos olhos profundos dos medos que nos impedem de ir além, acabaremos fechando os nossos próprios olhos, privando-os das imagens ricas e coloridas dessa viagem única que é nossa jornada nesse planeta.

Acabamos ficando quietinhos, bonzinhos, mansinhos, obedientes demais… até que deixamos de nos importar com o excesso de perdas, a falta de ganhos e o vazio no peito.

Eu bem que tinha um medo guardado aqui dentro… mas ele se perdeu de mim, no meio das minhas coragens bagunceiras. Ele não me reconhece mais, porque já não há mais nada em mim que o atraia, que o faça sentir-se em casa, que o acolha nos meus espaços sagrados de transformação. O medo que eu tinha, ainda menina, deve ter morrido de medo da mulher que eu fiz brotar dali, deve ter aprendido a correr para longe. E mesmo que, se algum dia, ele tenha a infeliz ideia de voltar… não encontrará nenhuma pista de mim, porque o caminho que me alcança agora só aporta coragens leves, ousadias breves e uma vontade infinita de voar.

Imagem de capa: sergey causelove, Shutterstock

Ana Macarini

"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

Share
Published by
Ana Macarini
Tags: coragensmedo

Recent Posts

Máquinas Caça-níqueis on-line: Um Passatempo Divertido e uma Oportunidade de Obter Lucro

As máquinas caça-níqueis on-line como Dragon Slots login, não apenas como um jogo emocionante, mas…

3 semanas ago

Como Gerenciar as Emoções em Momentos de Muito Estresse no Trabalho

O estresse no ambiente de trabalho é uma realidade cada vez mais comum. As exigências…

4 semanas ago

Sobrevivendo ao abuso: como o EMDR transformou sua vida

"Foi então que uma amiga me recomendou o EMDR..."

2 meses ago

A arte do day trading: quando cada segundo conta

O day trading é uma das formas mais dinâmicas e fascinantes de investimento, mas também…

2 meses ago

EMDR: a abordagem psicoterápica adotada por famosos e que pode mudar a sua vida

Saiba mais sobre essa abordagem psicoterápica EMDR, prática reconhecida pela OMS e acessível também através…

2 meses ago

Um dos romances mais amados de todos os tempos acaba de chegar à Netflix

Jane Austen, mestra em retratar as complexidades das relações humanas e as pressões sociais do…

2 meses ago