Por Isabela Nicastro – Sem Travas na Língua
Já dizia o sábio Cazuza. Sabemos da mentira, mas precisamos dela para seguir. É preciso acreditar que é real, mesmo quando o real é o que se cria inconscientemente. Por carência, por solidão ou por qualquer outro motivo, nos agarramos à mentira e a alimentamos. Damos a ela pequenas doses de ilusão, desejo e sonhos. Depositamos alegrias, fraquezas e experiências. E, a cada dia, a mentira torna-se cada vez mais verdade.
Seguimos. Acreditando que o amor é o mesmo que sempre desejamos. Confiando que a outra pessoa está ali, ao nosso lado, de corpo e alma presentes. Enxergando no outro o que gostaríamos que ele fosse. Seguimos confiantes de que será para sempre. De que virão filhos, netos e bisnetos. De que fazemos parte de uma história linda de amor, a ser exibida em redes sociais, compartilhada em conversas com as amigas e com as tias nas festas de fim de ano.
No entanto, como diz o ditado, a verdade tarda, mas não falha. Uma hora ela aparece e se escancara diante dos nossos olhos. Ela começa a dar pequenos sinais diariamente, de uma forma sutil e delicada. Porém, o foco é a mentira e o que ela representa. Dessa forma, as demonstrações de verdade não são nada além de casos isolados. Exceções que, é claro, não fazem parte da mentira criada e alimentada por nós.
Mas aí, em um dado momento, tudo parece se clarear. O filtro que nos cegava perde força e a realidade toma conta. Passamos a entender que aquilo que chamávamos de amor era apenas mais uma mentira. Uma ilusão, um devaneio, que fazíamos questão de alimentar por pura vaidade. Por medo da solidão. Pela companhia nos domingos à noite. Pelas constantes mensagens de “eu te amo” no WhatsApp. Pela carência.
Afinal, quem não gosta de ter alguém que lhe dê atenção, carinho e que esteja ali quando precisamos? Faz bem para o ego. Supre carências e alimenta a alma. Aí nesse impulso de evitar a solidão, criamos ilusões e as depositamos sobre determinadas pessoas. Enxergamos verdade onde só há mentira. Acreditamos na história de amor de conto de fadas quando, muitas das vezes, o que vivemos é um relacionamento abusivo e desgastante. O nosso “príncipe”, na realidade, está longe de ser encantado.
Mais uma vez, Cazuza sabia bem o que dizia: “O nosso amor a gente inventa pra se distrair. E quando acaba a gente pensa que ele nunca existiu.”
De fato, ele nunca existiu.
Fonte indicada: Sem Travas na Língua
Imagem de capa: Alliance, Shutterstock
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Não vivo de ilusões, sou muito realistar para ficar inventado histórias de amor, também não acredito.