Às vezes eu tenho a impressão que a vida está passando rápido demais. Algumas pessoas dizem que depois de certa idade os anos passam assim… em um piscar de olhos. Os anos estão cada vez mais curtos. Quase um final de semana. Parece que foi ontem que eu terminei o ensino médio e, estava, com muita alegria, me matriculando na minha primeira graduação. Empolgado com as oportunidades de sair por aí, dono do meu nariz e, das minhas responsabilidades. Era empolgante. Sinto saudades daquela época.
Já fui muito acelerado e queria tudo, praticamente tudo, para agora. E nessa de querer as coisas tão rápidas, sem dar tempo ao tempo, tive de tudo — típico das pessoas que se contentam apenas em molhar os pés na lâmina superficial do mar — um pouco que a vida me ofereceu. Aquilo foi suficiente, mas não bom. Longe de ser ótimo. Tantas coisas passaram sem que eu pudesse aproveitá-las em sua totalidade, por conta de um desejo insaciável de consumir; não sentia o que deveria ser sentido. Não tive culpa de ser assim. Vinha de dentro. E coisas assim a gente só faz.
Tinha medo de chegar aos vinte e poucos anos e estar velho. De olhar para trás e pensar: “O que eu fiz da minha vida?”. Infelizmente, nessa pressa, cheguei — e passei — dos vinte e poucos anos meio perdido na minha vida. Um pouco de maturidade: isso é normal. A vida é feita de momentos breves e não devemos perdê-los; não que isso seja ruim… só, que, sei lá, é gostoso ir além da superficialidade dos momentos breves. Entendê-los. Senti-los.
As viagens se resumiram em fotos, recordo pouco, quase nada; terminei relacionamentos com facilidade demais, tentava até discutir os problemas, mas não insistia na primeira dificuldade; não tinha paciência para ficar um sábado se quer em casa na minha própria companhia, lendo um livro, vendo um filme “tedioso” sem dormir; não tinha paciência para ficar conversando banalidades com a minha família; não acompanhei de perto meus amigos namorando, casando e tendo seus filhos – se separando, acontece. O que mais me dói é ver nos rostos dos meus pais o tempo que passou sem meu acompanhamento próximo.
Hoje, com tantas experiências parciais, me vejo um alguém que conhece pouco da vida; alguém que deseja, profundamente, reaprender a viver. Experimentar com afinco cada oportunidade. E, talvez, a gente precise realmente passar pela fase do “tudo para agora”, para só depois, depois de muito “calejamento”, aprender a se acalmar e, perceber, que podemos ir devagar.
Olha só, passei dos vinte e poucos anos e ainda tenho tanto o que viver. A vida, essa estrada de altos e baixos com início, meio e fim está acontecendo agora. Entretanto, há tantas particularidades nas esquinas por onde viramos os sentimentos. Então aproveite bastante, sim. Porém, com interesse verdadeiro nas paradas, nas estadias que a gente não pode perder. Assim, que cada amanhecer, em sua beleza singular, traga na gente a vontade de viver o dia com um sorriso no rosto. E que amanhã, bom… A gente saiba vivê-lo; por hora, vamos nos concentrar no hoje.
Imagem de capa: Patiwat Sariya, Shutterstock
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