Sempre imaginei que gostaria de estar com você no dia que o mundo acabasse. Num silêncio profundo, íntimo, deitada no seu peito ou de mãos dadas. Cúmplices. Todos os desentendimentos menores se dissolveriam mediante a possibilidade do grande fim. Que importa se você me entendeu mal na quinta-feira passada ou se a fatura do cartão fecha no dia 26? Qual o peso da minha irritação com a sua arrogância e preguiça se o mundo acabasse amanhã? O fim é implacável, mas nós somos elásticos. Tudo que sei é que até aqui estivemos juntos. Sei também que ando sentindo medo do mundo pelo estômago e miocárdio. Medo de gente do lado de fora, medo da gente que mora do lado de dentro. Do medo que tenho de amar aquilo que me é estrangeiro, se o mundo acabasse amanhã, eu saberia que amei o quanto pude quem me amou primeiro. Saberia que não quis nem pude amar quem me amou depois. Eis minha limitação dorsal exposta. Medo de gente. Se essa consciência fosse a fatal e derradeira certeza, acho que gostaria de voltar ao pó sozinha, descalça, nua e crua. Com a paz que nunca foi minha, e que nunca soube dar a ninguém. Se o mundo acabasse amanhã eu gostaria de viver a paz e a guerra que é estar sob minha pele mais plena que hoje. Preciso estar preparada para não ter onde me segurar. Dizem que a viagem é longa. Qual é o fim orgânico da poeira cósmica?
Imagem de capa: DisobeyArt, Shutterstock
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