Julia Guglinski

Conexão emocional: 5 dicas para reforçar o afeto do seu cão.

Outrora, nos tempos em que o cão não passava de um mero enfeite de jardim, vivendo de angu com farofa e acorrentado em seu tédio, poucas eram as interações entre tutor e animal. Com o passar dos anos e o aumento de informações a respeito dessas criações peludas, os cães conseguiram um lugar cativo sob as almofadas e o aconchego de sua “matilha humana”.

Entretanto, apesar do que chamamos de “humanização”, infiltrando os pets feito humanos em nossas vidas, ainda é precária a concepção do que necessitam para harmonizar, no significado animal, instinto e natureza. Humanizar não é nada bom, afinal, cachorro tem que levar vida de cachorro. Sujar-se, correr, lambuzar-se de lama, grama e conservar seu cheiro característico, ou seja, mesmo que o banho faça parte de sua higiene indispensável, remover por total sua essência poderá influir em seu equilíbrio natural.

Saiba, então, através dessas 5 dicas, como proceder para elevar sua conexão emocional e aprofundar o vínculo afetivo com seu melhor amigo.

1- Opte por uma suave massagem
Se habituados, desde filhotes, os cães amam uma massagem. Desça as palmas das mãos e os dedos, levemente cutucando o dorso do seu cãozinho da cabeça até o início da cauda. Entregue-se a esse momento, ouça a respiração do animal, vivencie suas reações, até que ele adormeça em um sono gostoso. Esses animais são puramente sensíveis, recebiam toques de seus irmãos de ninhada e da língua da mamãe, que os aqueciam. Contudo, há uma memória que será ativada com essa massagem super relaxante.

2- Contato visual
Cães possuem linguagens muitas vezes imperceptíveis por nós, humanos. Buscamos orientações por demais vagas a respeito de como interagir ou compreender suas ações e carências. Uma das chaves que permitem adentrar nesse universo canino é a maneira como observamos esses canídeos. Cachorros mantêm contato visual a todo tempo. Quando se alimentam, passeiam, brincam e até mesmo quando descansam. Sempre que possível, olhe nos olhos do seu cãozinho, desafie suas vontades, imponha com um olhar vívido e seguro. Não apenas olhe, veja através da íris e sinta o momento. Você será capaz de descobrir o que seu pet está querendo, somente com essa leitura visual.

3- Conheça o corpo do seu cão através do toque;
Sabe aquele momento em que você descansa ao lado do seu amigo? Aproveite para investigar ainda mais o que existe de melhor naquele serzinho peludo. Com as pontas dos dedos, destrinche as patinhas, apertando os cochins (almofadinhas), massageando, penetrando entre um dedinho e outro, em todas elas. Coloque a cabeça sobre a barriga do animal, ouvindo sua respiração, invada suas orelhas, descubra os brincos, que são aqueles rasgos que eles possuem na parte de trás das orelhas. Mexa nas gengivas, pasmem, cães habituados amam carinho na gengiva. Aprenda a desvendar cada ponto, com toques delicados.

4- Seja um cão para seu pet
Ao invés de tentar humanizar os cachorros, descubra as delícias de se tornar um deles. Frequentemente, os tutores ficam encabulados nessa busca por uma relação mais íntima com seu animal. No que chamo de Adestramento Natural, trazemos, para nós, particularidades dos cães, com a finalidade de compreendermos melhor suas singularidades. Troque a bronca por um rosnado, imite latidos para interagir, deite de frente ao cão, ande de quatro, para que ele olhe para você no mesmo nível, role na terra com ele; ao dar banho, tome banho com ele. Aproveite cada instante de sua breve vida e desfrute dos sinais essenciais que eles proporcionam.

5- Fale com seu cão, mas não abuse das palavras
Cães entendem as palavras e são capazes de memorizá-las, embora não sejam bons com frases longas, deixando-os confusos e ansiosos. Quando for se comunicar através de linguagem vocal com seu cachorro, escolha palavras e frases curtas. Esses espertos animais percebem a intonação, a intenção e são capazes de reconhecer quem gosta ou não deles pela maneira de falar das pessoas. Evite agitar seu pet com frases extensas e agudas, motivo pelo qual regularmente o adestrador é solicitado por problemas de ansiedade.

Um cão poderia viver mais, porém, viverá intensamente entre nós, se abrirmos as portas do nosso “eu” natural e permitirmos que acessem este mesmo “eu” adormecido. Aproveite a viagem.

Imagem de capa: FrancescoCorticchia/shutterstock

Júlia Guglinski

Treinadora e comportamentalista de cães. Atriz de teatro, cantora e compositora.

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Júlia Guglinski

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