É incrível como não somos preparados para despedidas. Temos por natureza uma grande incompatibilidade com términos. A dificuldade de aceitar o início do fim e a chegada da partida, é um sentimento comum a todos na hora do adeus. Porém, esse processo faz parte da vida. Todo ciclo, uma hora, chega ao fim. Cada jornada tem um destino final, independente da rota a se percorrer, uma hora irá acabar.
Pessoas, momentos, lembranças, sonhos e pesadelos. A regra é cruel, não poupa nada, nem ninguém. Por isso, o segredo dessa brincadeira sem graça é dançar conforme a música e aprender a recomeçar. Sim, é a única opção que resta a quem foi deixado para trás. Seguir em frente. Os paradoxos que nos cercam nem sempre nos ajudarão a compreendermos o sentido das coisas, ou a falta dele.
Recomeçar, mesmo quando, aparentemente, tudo chegou ao fim. Reconstruir, ainda que faltem alguns pedaços. Se levantar, mesmo quando o luto nos derrubar no chão. Sorrir sempre, ainda que lágrimas inundem nosso coração. Não é fácil, mas é preciso tentar e engatinhar até que o primeiro passo seja dado e os pés estejam firmes para continuar.
Aos poucos, vamos aprendendo que os melhores abraços são os mais demorados. Que as melhores conversas acontecem por acaso, assim como os melhores amores, amigos e sorrisos. Começamos a perceber as singelezas que moram na simplicidade e como elas nos conduzem a felicidade. Deciframos olhares, traduzimos silêncios e falamos a linguagem da alma, quando as palavras nada podem dizer.
É necessário saber abrir mão e deixar ir o que não pode mais ficar. Só assim ela poderá segurar algo novo, se encaixar em outra mão, ou ser estendida a quem precisar. Se desapegue, saiba que a única coisa que verdadeiramente podemos possuir nessa vida e levar conosco, é o amor que cultivamos uns nos outros. Pertença a si mesmo, e já será o suficiente para fazer a caminhada valer a pena…
Imagem de capa: sinada, Shutterstock
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