Fecho meus olhos e vejo o seu sorriso em minha mente, posso até ouvir o som da sua gargalhada escandalosa das minhas piadas sem graça. Ainda reconheço seu perfume nos estranhos que atravessam meu caminho na rua. Aquela música que a gente ouvia, ainda é minha favorita. Procurar o calor de seu abraço em outros corpos foi em vão. Você é único e tão especial que para nos poupar mais sofrimento teve a coragem de fazer o que eu tanto evitei, partir.

Sim, somente agora consigo enxergar e compreender melhor o que aconteceu conosco. E, não adianta procurar culpados, motivos e desculpas. Não tinha mais jeito. Nós tentamos até o último minuto do segundo tempo, enfrentamos a prorrogação, fomos até a penalidade máxima nadando contra a maré. Dançamos debaixo da chuva, cantamos sem música e sonhamos acordados, mas não deu. Seu primeiro passo foi fundamental para eu deixar de engatinhar e iniciar minha caminhada, mesmo que para o lado oposto.

O tempo tem sido um grande aliado nesse trajeto sem você, contudo, confesso que não posso negar o imenso carinho que ainda tenho por ti. A distância diminuiu a ansiedade que eu sentia toda vez que o telefone tocava e eu corria para atender, pois não queria te fazer esperar. Já não confiro a caixa de mensagens antes de dormir, pois sei que não vou ver sua mensagem de boa noite, durma bem e sonhe comigo. Toda essa mudança repentina tem sido até interessante, tive que criar uma nova rotina, novos hábitos e, aos poucos, vou me renovando junto.

Consegui me desapegar da culpa dos meus erros, aprender com eles e, principalmente, perdoar a mim mesma. O amadurecimento foi a melhor lente que já usei, vejo tudo com outros olhos, com mais clareza, mais consciência e menos julgamentos, como você sempre insistiu em me dizer. Hoje eu entendo, mas infelizmente você não está aqui para ver. Ver que aquela impulsividade louca, infantil e meio carente era uma forma exagerada de dizer que te amo; assim como essas palavras foram minuciosamente pensadas para dizer-lhe ainda a mesma coisa…

Imagem de capa: Lia Koltyrina, Shutterstock

Rachel dos Santos

Paulistana, porém mineira de coração. Viciada em música e sorvete, adora filosofar no facebook e compor canções que guarda a sete chaves. Estudante de jornalismo , pretende construir um mundo mais bonito por meio de seus escritos. Acredita que a simplicidade é a chave que abre a porta da felicidade. Sempre usa reticências no final das frases porque sente que sempre há um pouco mais a se dizer...

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