A gente se reencontrou por acaso e foi tão bom lhe rever. Lhe abraçar. Entretanto, preciso dizer que vou muito bem sem você. Lembra daquele tempo, que eu fazia tudo e mais um pouco para lhe agradar e, talvez, para me irritar ou provocar, me dizia que eu tinha um pouco de exagero em tudo o que eu fazia. É verdade. Hoje, depois de tanto sofrimento, lagrimas e coisas do tipo… percebi que era verdade: amo exageradamente. E lá vem a minha intensidade colocando-se à frente, outra vez.
Passei por algumas situações que me fizeram perceber que realmente tenho esse exagero, muito evidente por sinal, em tudo que eu me dedico a fazer, sentir; sou assim, é preciso lidar com isso ou me deixar. Você me deixou. Exagero nas minhas paixões. Exagero nos meus sofrimentos. E, não me culpo por ser assim: coração intenso.
Você me dizia para ir leve. Pegar leve. E, que, embora gostasse muito de mim, não estava no mesmo “time”. Assim, poderia se assustar com a minha maneira de ser. Puxei o freio. Deixei esfriar o que dentro de mim sempre foi brasa. Faz quanto tempo isso? Um mês, seis meses, um ou tantos anos que, sinceramente, não importam mais. Você me dizia para eu parar, porque uma intensidade assim poderia fazer você correr; sumir.
Mesmo dizendo que gostava de mim, dizia também que partiria. Você não só partiu, como repartiu meu coração aos poucos com suas ausências cada vez maiores. Fez pedacinhos dele. Meu jeito lhe surpreendia. Surpresa mesmo foi seu sumiço repentino – para quem dizia gostar, foi “ual”. Que tapa na minha cara.
Depois de uma recuperação penosa, porque é difícil, sabe, recolher os caquinhos do coração da gente e se reinventar; me reinventei. Depois de cicatrizar cada ferida exposta, de calcificar cada osso quebrado onde fui só amor, me tornei – mesmo que momentaneamente – como você sempre propôs: me tornei superficial. A partir daquela reinvenção eu seria superficial em meus amores. Sabe qual foi o problema disso? Me amei superficialmente também. Abri mão do amor por completo. Inclusive o próprio. Que problemão.
Fui viver, bem assim. E foi bom; por um tempo, claro. Comecei a sentir falta de tudo aquilo que faz sentido para mim. Para o amor. Para o amar. E, para a minha surpresa, não era de você o abismo no meu peito. Era de mim a falta. Senti falta da intensidade tão natural que, por sofrer, reprimi onde nem eu mais encontrava. E era ela que me definia.
A gente se reencontrou e, não poderia ser diferente, lhe abracei forte. Contudo, não foi por existir aquele amor só seu, foi porque sou assim: abraço forte, amo forte, sinto forte. Tudo em mim é exagerado. Eu me entrego por completo e, quem quiser o melhor de mim, será assim.
Aprendi, em duras penas, que, quem gosta da gente vai gostar com intensidade recíproca, porque amor que é amor é para ser exagerado. Demonstrado. Vivenciado em suas totalidades. Não há banalidade nas palavras, nos gestos, repetidas quantas vezes forem necessárias para o nosso sentir-se bem. Porque, meu bem, uma hora você vai encontrar alguém que lhe desestabiliza como você me desestabilizava, nessa hora, talvez, vai entender, que quando a gente gosta de verdade tudo precisa ser assim: exagerado; intensificado.
Imagem de capa: Ladanivskyy Oleksandr, Shutterstock
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