Imagem de capa: HQuality, Shutterstock
Quando o assunto é relacionamento, sempre tem alguém que acha que você deveria, sim, ter um namorado. Acontece que as pessoas não entendem o que está por detrás de todo o nosso desinteresse.
Cansamos de encontrar pessoas que, na aparência, no primeiro encontro, no primeiro beijo, mostram-se tão interessantes e, aos poucos, acabam se mostrando insensíveis, como se brincar com o sentimento do outro fosse, de fato, um jogo divertido.
A gente vai cansando dos joguinhos de interesse, de quem se importa mais ou menos; cansamos de perdas e ganhos em uma relação que não tem por que ter perdedores. De gente que parece estar interessada na nossa história, que demonstra querer partilhar uma vida ao nosso lado, mas some na primeira oportunidade e deixa a gente pensando em que ponto falhou – a verdade é que cansamos de nos achar problema.
E, então, no começo, podemos até usar a “desculpa” da falta de tempo e dizer que não queremos nos relacionar com ninguém, mas, depois de um tempo, esse álibi se torna uma filosofia de vida, porque o medo de sofrer novamente é grande e não queremos nos decepcionar mais uma vez. Não queremos levar todo um tempo para, de fato, nos entregarmos e nos envolvermos com alguém que faz promessas e parte na primeira dificuldade.
A gente vai evitando amar e depois ter que se esquecer de sofrer calado na madrugada, tentando entender o que poderia ter feito para que desse certo. Pode ser que, no início, quando ainda estamos com o coração quebrado, não querer nos envolver é uma forma de não nos decepcionarmos novamente, de evitarmos, a todo custo, a paixão, o amor e todo aquele sofrimento por que já passamos. Depois de nos recuperarmos de algumas pancadas da vida, evitamos falar de relacionamento, pensar em se envolver, porque tememos vivenciar novamente todos aqueles enganos.
Mas, depois de um tempo, quando as coisas estão cicatrizadas dentro de nós, percebemos que toda essa pose de “coração de pedra” era a forma mais sincera de nos defendermos das mentiras, de nos protegermos das decepções, porém, não podemos vestir essa armadura por toda a vida, a não ser que realmente desejemos não ter ninguém, a menos que estejamos decididos a não querer um relacionamento.
A verdade é que nada irá nos garantir que o próximo será diferente, que o novo será mágico e bonito. Nada nos oferece a garantia de que não iremos nos decepcionar mais uma vez, entretanto, só saberemos disso se nos arriscarmos e pode ser que todo esse tempo se escondendo seja uma forma de nos fortalecermos e adentrarmos em relacionamentos maduros, sem tentar decifrar o que o outro sente por nós, sem interpretações, porque sabemos que, quando o outro quer, há demonstrações claras.
Sabemos que só palavras não nos convencem mais e que é necessário muita atitude para permanecer ao nosso lado. É preciso mais do que promessas de não partir; é necessário que o outro não decida ir embora no primeiro tropeço, na primeira tempestade.
E, então, esse tempo nos mostra que nunca estaremos prontos, mas sempre estaremos mais fortes e com o olhar mais maduro e pode ser que aí, nessa forma de ver as coisas de outro jeito, eliminaremos muitas decepções de nossas vidas.
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