Ana Macarini

Quando a alma é brega, não há roupa chique dê jeito!

Da boca para fora todo mundo é “gente boa”, quero ver ser boa gente sem fazer barulho, sem criar alarde, sem ganhar nada em troca.

Sorrisos fake andam à solta por aí. E é facílimo cair em suas armadilhas de afetos no melhor estilo bijuteria: brilha muito, mas não tem valor algum!

Que ninguém é santo, todo mundo já sabe. No entanto, o que não falta nesse mundo é gente com vocação para ter duas caras e muitas facetas, cada uma especialista em enganar a quem possa interessar.

Tem gente que vence na vida, apenas no âmbito financeiro, vive cercada de coisas materiais que o dinheiro compra, adquire bens pelo preço que custam, o que nem sempre é garantia de bom gosto, visto que há uma infinidade de coisas vulgares que custam pequenas fortunas.

Tem casas que mais parecem um showroom de shopping de decoração. A pessoa veste sua residência para ornar com o seu desejo de ostentar ao mundo o seu sucesso na vida.

Carteiras ricas em bolsos de gente com alma pobre. A pobreza de alma não pode ser curada com exposições externas de posses. Aliás, essa doença de espírito, agrava-se com o acúmulo de riquezas, posto que vive de alimentar-se da vaidade sem limites que nasce desse círculo vicioso baseado num mantra que se repete sem cessar “Eu mereço! Eu mereço! Eu mereço!”.

A simplicidade é um sinal inequívoco de elegância. Para ser simples é preciso ter essência nobre; não no sentido de pertencer a uma linhagem de gente importante. Na verdade, é exatamente o oposto disso.

A elegância independe de artifícios e ornamentos. A elegância é privilégio daqueles que têm por objetivo principal na vida valorizar as conquistas que não tem valor de mercado.

Quando a alma é brega, não há roupa chique que dê jeito! A breguice da alma transparece até nos olhos. Fica explícita no som contrabandeado dos sorrisos falsos. Expõe-se nos gestos ensaiados daqueles que pensam uma coisa, dizem uma segunda e fazem uma terceira.

Quem tem alma brega de nascença, vai morrer brega. E não há nada que se possa fazer. Porque os pobres de alma, vendem suas almas vagabundas como se fossem joias valiosas. E usam as pessoas como se fossem coisas a seu serviço.

O que fazer com essa gente?! Evite! Evite a todo custo! E, se não for possível evitar, ofereça sua mais genuína indiferença. Porque essas criaturas são loucas por uma plateia. E se não houver audiência, vão procurar outra freguesia para atormentar.

Sendo assim, faça cara de paisagem e sorria genuinamente por ter se livrado dessa mala sem alça. No começo, você pode até achar que está perdendo alguma coisa. Mas, com o tempo vai perceber que tem gente que é igual a pesca em alto mar: quanto mais longe melhor!

Imagem de capa: Trapaça (2013)

Ana Macarini

"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

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