Luverlandio Silva

O prazer de um beijo carregado no amor

É inegável o prazer de um beijo; isso, todos vão concordar. Entretanto, não consigo compreender aquelas pessoas que saem por aí beijando, por beijar. Para saciar. Respeito, antes de tudo, as escolhas de cada um – eu não consigo ser assim. Acho que em nossas vidas, haverá fases para tudo, inclusive, aquelas em que nos descompromissamos da continuidade. Do envolvimento. Porque nem tudo há de ser eterno. Para nos aventurar nas necessidades do agora. Do momento. Do beijo apenas para satisfazer a vontade, apaziguar os hormônios à flor da pele.

O beijo é bom quando há vontade de se beijar. Seja um beijo dado na balada ou, em um café no meio da tarde de uma segunda-feira – para começar bem a semana! –, não há ocasião melhor do que aquela em que a vontade, se apresenta.

Geralmente, a vontade do beijo é despertada por motivos dos mais diversos, no qual eu, me limito, a um número pequenininho de exemplos, como uma boa conversa, um olhar atencioso, charmoso, um sorriso tímido ou escancarado, um cantinho de lábios brilhosos como um dia ensolarado, de verão; quente, convidativo, prazeroso. Há… como são bons os beijos gratuitos e inesperados; como são bons os beijos intensos, desses que tiram da gente o prumo, o chão.

Beijo – não bitoquinha, o beijo! – de verdade, com quem a gente beija antes da boca, com os olhos, com os dedos, com o abraço apertado pela cintura, pescoço, desequilibra todas as nossas defesas e nos colocam a mercê da espontaneidade, humano.

É unânime: o beijo que carrega amor nos lábios é diferenciado. É beijo dado de dentro para fora, começa na alma e se manifesta na maciez dos beiços no qual, em harmonia com toda a vontade e intenção do corpo, devora. Carinhosamente, devora. Há quem diga que beijo envolvente em público é desnecessário, constrangedor. Depende… antes de tudo, da sinceridade daqueles que estão a se beijar, por simples deleito ou, necessidade dos sentimentos. Sentimento não escolhe lugar, hora, dia, momento. Não é com qualquer um que o beijo alcança o ápice da entrega. Só com quem desejamos continuidade verdadeira, dividir os problemas, exponenciar as alegrias, compartilhar dos mesmos sonhos – ou a maioria, pelo menos. Quem não adora?

Beijo de amigos, de pais, de eternos namorados. De “lambeijos” do nosso pet feliz ao nos ver chegar, delicia. Beijos dos mais diversos e formatos possíveis, são sempre agradáveis ao coração. Revitaliza o carinho mútuo e o anseio da proximidade em uma época em que, o distanciamento voluntário, é proferido com orgulho. As pessoas têm esse medo de se apegar, por que diferente do sexo, um beijo quando bem dado libera com mais facilidade alguns hormônios como a ocitocina, responsável pela felicidade e pelo amor.

Quando falta assunto, o beijo verbaliza as palavras não ditas, perfeitamente. Enquanto um lava a louça e o outro seca, o beijo conecta. Comercial da novela, do futebol, entre um episódio e outro da série preferida, o beijo diminui a espera, antecipa os risos entre beijos que riem juntos. Quando há chegadas, beijos são as extensões do abraço. Na despedida, beijos são adeuses para serem lembrados, sempre. Nos Beijos que não são preliminares para o sexo, só haverá confirmação do amor que existe nas horas mais comuns do cotidiano. Esse beijo que é bom, esse beijo que é necessário para a vida.

No dia a dia, na correria concreta que todos possuímos, um beijo dado em quem amamos é poesia que suaviza um momento, do outro. Por isso, que sejam mais inesperados os beijos que daremos, os que receberemos. Que sejam mais despretensiosos e alegres, afirmativos do amor que possuímos e, desejamos.

Imagem de capa: Everett Collection, Shutterstock

Luverlandio Silva

Nasceu no Piauí e cresceu em São Paulo, mora atualmente em Santo André – SP. Apaixonado pela área de exatas, mas tem o coração nas artes e escrita; trabalha e defende o meio ambiente e, as causas naturais: sentimentos; afetos; amor.

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