Às vezes, a gente está tão acostumado com a presença de quem gostamos sempre ali do nosso lado, diariamente, vivendo e, dentro do previsto, sendo felizes… que, em momento algum paramos para pensar que elas poderão partir da nossa vida, ou, a gente partir das delas – afinal, também somos vulneráveis as surpresas que o destino (se é que você acredita nele) nos reserva, e, das oscilações sentimentais que possuímos; então, de uma hora para outra, partir – fisicamente ou não – sem aviso prévio, sem pedido de demissão, sem despedidas, sem abraços afetuosos, sem um “até logo”,… apenas, irem embora. Elas podem partir de diversas formas. A gente, idem. E “partidas” são sempre dolorosas.
Você sabe como é… a vida é corrida… os afazeres… bem… são tantos… Tantas preocupações que a gente tem para ocupar a nossa cabeça durante as vinte e quatro horas do dia, pouco a pouco, tomando espaço de áreas que deveriam ser preenchidas por outras coisas; por outras sensações; por outros sentimentos bem mais importantes, sentimentos insubstituíveis.
Aquele trabalho que pode esperar para ser concluído no dia seguinte e, encaminhado para o chefe um pouquinho mais tarde não é justificativa para a ausência na mesa do jantar com a família, que muitas vezes, espera a nossa chegada, ansiando para saber como foi o nosso dia; se a gente está bem, felizes, descansados – apesar de saberem que estamos cansados.
Todo mundo sabe que a gente precisa estudar para as provas finais, para o mestrado, para o doutorado e, vão entender a nossa dedicação por alguns dias; todavia, uma vida dedicada exclusivamente aos estudos não é uma vida completa – não para mim –, eu sei… são escolhas que a gente faz e diz respeito somente ao que pensamos, ninguém tem que opinar, nem mesmo aquele filho, aquele sobrinho, que deseja tanto o carinho do seu pai, do seu tio, da sua mãe, da sua tia, que luta para manter os olhinhos abertos para dar-lhe um beijo na sua chegada, nem mesmo a própria mãe da gente, não importando se você tem 16 ou 30 anos… ela vai madrugar, sim, esperando você chegar da bebedeira; com o semblante cansado, mas feliz de ver você chegar bem em casa… Exemplos de ocupações que criamos demasiadamente não faltam… Você sabe do que eu estou falando. É, e eles não têm que opinar. Nem você se importar… Será?
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A gente ganha e perde as pessoas um pouquinho de cada vez, um pouquinho por cada interação, por cada sorriso compartilhado, por cada dor dividida; somos responsáveis por todos os sentimentos e ausências que criamos.
A idade que avança rouba da gente a chance de ver nossas crianças crescendo, quando não estamos presentes na vida delas; a mesma idade que passa para elas, nos acompanha, nos rouba a juventude e a energia; o tempo passa e, a velhice, castiga a saúde dos nossos pais, toma eles da gente sem percebermos, é tempo que não volta mais; a ausência que damos para os nossos amores e amigos nos dá saudade, em troca, cedo ou tarde, daqueles que foram procurar o nosso afeto em outros corpos, em outras compreensões. E, a gente, fica… assim… sem ter o que fazer depois que foi feito; ou dos laços que foram desfeitos.
“Saudade não é motivo para que alguém volte” é uma frase que faz tanto sentido, a gente costuma dar valor depois que perdemos, e só percebemos tarde demais. Às vezes, a vida sinaliza para a gente essa verdade para ficarmos espertos; hoje, darei o meu amor um pouquinho – minto, será muito! – mais; hoje, não deixarei a felicidade bater na porta do meu coração e ficar do lado de fora, será acolhida aqui dentro, junto das pessoas que, de longe, não estarão nunca mais. É tempo de amar um pouco mais.
Imagem de capa: ambrozinio/shutterstock
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Comentário:Lindo amei