Estela Meyer

Maturidade emocional: a vida com menos drama

A gente aprendeu com a TV, desde pequeno, que pra ter graça é preciso ter drama.
As novelas, os desenhos e os filmes nos ensinaram isso.
Uma boa e envolvente trama continha reviravoltas, suspense e muita tensão. A gente viu que só é divertido se tem drama. Realmente funciona bem pra TV, mas na vida real a gente gosta de paz, pelo menos na maior parte do tempo, não é!?

Mas o que isso tem a ver com maturidade emocional?

Você descobre que está mais maduro emocionalmente quando as situações caóticas, estranhas, dramáticas ou bizarras acontecem ao seu redor, mas elas não te afetam mais tanto como no passado. Você sente tudo, sim. Angústia, ansiedade, medo, raiva (ou seja lá o que for), mas isso já não dura por tanto tempo como antes. Você já não faz mais tanto drama.
Você sente, sim. Você sofre, sim. Até chora e se descabela talvez. Mas o sofrimento já tem prazo, e este é cada vez mais curto.

Às vezes a gente nem se dá conta de quão rápido foi se recuperar daquele tombo dessa vez. Mas é só vasculhar no passado e ver que, provavelmente, você vai encontrar alguma situação semelhante onde antes você demorou meses, ou até anos pra sair daquele enrosco e que dessa vez não se passaram mais que alguns dias ou semanas.

Acredito que a palavra também seja DESAPEGO. A gente passa a não mais querer reter aquela confusão toda. Já não é mais atraente, passa a ser cansativo e chato demais e a gente simplesmente deixa ir. E é tão gostoso né!? A gente sente os ombros mais leves e a vida parece que flui. A gente não se culpa mais tanto e não se cobra tanto também. A gente já sabe se perdoar e perdoar o outro mais facilmente, porque a gente já dá mais valor ao tempo, reconhece como é precioso, então já não fica mais chorando rios por coisas tão fúteis. A gente se descobre como um ser incrível, cheio de potenciais e por isso já não aceita mais qualquer coisa.

A gente passa a reconhecer o outro como um instrumento para a nossa própria evolução. Já que não podemos nos ver com nossos próprios olhos, o mundo nos dá o outro, como espelhos, como exemplos, pra gente avaliar o que nos agrada ou não. Como disse sabiamente Paramahansa Yogananda: “Só um outro é capaz de nos dar inteiramente a nós mesmos.”.

Se você se reconhece agora como alguém que vive com muito menos “dramas”, parabéns, você está mais maduro emocionalmente.

Os perrengues da vida vão continuar acontecendo sim, mas eles já não mais te definem, você é o líder agora! Você é quem manda, você é quem estabelece regras e prazos. Você decide, porque já sabe muito bem o que cabe e o que não cabe mais na sua vida.

Finalizo com este fabuloso ensinamento retirado do livro “O Livro Tibetano do Viver e do Morrer”, de Sogyal Rinpoche:

“1.
Ando pela rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu caio…
Estou perdido… Sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.

2.
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim leva um tempão para sair.

3.
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Vejo que ele ali está.
Ainda assim caio… É um hábito.
Meus olhos se abrem.
Sei onde estou.
É minha culpa.
Saio imediatamente.

4.
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Dou a volta.

5.
Ando por outra rua.”

Esse é o caminho do autoconhecimento.
E sabe qual o melhor disso tudo!? Não tem volta!
Daqui é só frente e pro alto.
E sabe, a vista lá de cima vai valer por tudo isso.

Imagem de capa: Dean Drobot, Shutterstock

Estela Meyer

Admiradora da simplicidade e dos bons corações. Inquieta, curiosa e viajante. Adora boas histórias, risadas, cafuné e chimarrão. Faz piada de si mesma e ainda acredita nas pessoas. Anseia por um mundo com mais sensibilidade, roupas de capuz e pijamas com bolsos. Sua mais nova aquisição é um longboard.

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