Ana Macarini

Marque uma reunião com seus fantasmas e mostre a eles quem é que manda de verdade!

Todo mundo tem pelo menos um fantasminha de estimação. Aquele que teima em andar pela casa arrastando correntes; ou vive sussurrando medos nos ouvidos. Há ainda aquele que quando aparece deixa tudo gelado à nossa volta, tira o calor do nosso peito e enche a gente de arrepios que não trazem prazer nenhum.

Pois muito bem, esses esquisitinhos gostam mesmo é de perturbar. Plantar incertezas bem na hora em que tudo que a gente precisa é de umas boas sementes de esperança. Encher nossos olhos de sombras, quando tudo que a gente quer é ver a cara da luz.

Eles são tão espertinhos que sabem a hora exata de aparecer e os melhores lugares para se esconder. Tramam em segredo jeitos inexplicáveis de nos paralisar. Jogam com nossas dúvidas e fazem com que deixemos de acreditar no poder dos nossos sonhos.

Fantasmas de estimação costumam ser extremamente mimados. Basta a gente esquecer um pouco deles para que arranjem um jeito de fazer barulho, de se fazer presente. E se perceberem que a gente anda meio ocupado, distraído ou fazendo de conta que eles não existem… Ahhhhh… aí é que a coisa pega!

Esses monstrinhos de garras afiadas têm muitos aliados, e não deixam escapar nenhuma oportunidade para organizar uma bela festinha de horrores para reunir essa galera sinistra. E quando a gente menos espera, estão todos bem acomodados dentro do peito da gente, pisando com vontade em nossa alegria de viver.

É meu amigo, fingir que os fantasmas não existem não é uma boa saída. O melhor mesmo é reconhecer sua presença e tratar o assunto com profissionalismo. Porque se tem uma coisa que bota essas criaturinhas para correr, é tirar deles o poder que eles estão certos de ter.

Marque uma reunião com seus fantasmas e mostre a eles quem é que manda de verdade. Exija pontualidade. Mande um convite selado e com assinatura reconhecida. E trate de se preparar, porque esses bichinhos são danados para dar o bolo, para se fazerem de desentendidos.

E se eles não vierem, vá atrás. Você sabe muito bem onde encontrá-los. Está em suas mãos o destino desses pestinhas. É você a única pessoa capaz de libertá-los. Liberte-os, então. Confisque as correntes, derreta-as com a sua coragem e transforme-as em asas.

Uma vez desacorrentados, até mesmo um fantasma de estimação vai querer deixar de ser assombração. Deixe-o ir. E o mais importante de tudo: não importa o que aconteça… nunca, em hipótese alguma, permita-se sentir saudade. Saudade foi feita para ser oferecida a quem nos ilumina, não a quem nos rouba a luz!

Imagem de capa: taramara78, Shutterstock

Ana Macarini

"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

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