Fossem as coisas do mundo mais simples, você e eu teríamos um alarme interno, uma campainha mental, um sinal intuitivo qualquer que nos chamasse a atenção no instante mesmo em que, por sorte, por acaso ou por merecimento, a felicidade nos dá o ar da graça.
Comigo é quase sempre assim. Vivo sendo feliz por aí, mas só me dou conta depois que acontece. Passa um tempo e lá estou eu, perplexo, pensando comigo: “caramba! Eu senti felicidade e nem percebi!”
Não que isso diminua o valor desse sentimento sublime. Não diminui. Aliás, aumenta. É como ser feliz de novo por ter sido feliz lá atrás. É como saber que seremos felizes ainda, qualquer hora dessas.
Acontece. Felicidade não avisa. Mas eu acho lindo quando a gente a pega no flagra, fazendo das suas ao nosso lado. Sabe aquele instante em que você olha o céu e vê uma estrela caindo entre as outras? É isso. Se você não visse a estrela cadente, ainda assim ela teria caído. Não importa. Vale é que você estava ali, bem ali onde queria estar, sob o céu e a lua e as estrelas. Com a felicidade há de ser parecido. Nem sempre a gente a vê e isso não quer dizer que ela não esteja lá.
Cabe a nós o trabalho da vida, o movimento que faz o caminho, o pé depois do outro. Só nos resta estarmos onde devemos estar. Vale é viver. E a felicidade virá. Se notarmos a sua presença, muito bem. Se só a percebermos depois, está bom também. Teremos sido felizes do mesmo jeito.
Eu tenho sido feliz assim. A felicidade me acorda no sábado de manhã, sob a forma de uma moça linda de nome simples, defensora da justiça, da paz, do amor e de um mundo estável, e me lembra que a vida é boa, as crianças sorriem parecido e o trabalho é sagrado. Mas eu só percebo depois, no domingo à noite. E aproveito para ser feliz de novo.
Imagem de capa: iravgustin, Shutterstock
A perda de Filó, uma cadela da raça bulldog francês de cerca de dois anos,…
No competitivo mercado de trabalho, a preparação para entrevistas de emprego costuma envolver currículos impecáveis…
Você já parou para pensar no motivo de dormir abraçado ao travesseiro? Esse hábito comum…
O cinema consegue traduzir sentimentos e vivências que, muitas vezes, vão além das palavras. No…
A Netflix lançou recentemente a minissérie Os Quatro da Candelária, e com apenas quatro episódios,…
O que deveria ser uma viagem de lazer pela costa da Sicília, na Itália, se…
View Comments
Felicidade não são momentos felizes. Felicidade independe deles, do que acontece do lado de fora de nós mesmos, das circunstâncias e dos circunstantes, das pessoas e das coisas, de carnavais ou de velórios. Felicidade é como a cor dos olhos, que não mudam de cor, mesmo quando choram. É como a cor da pele, que você pode alterar o tom, usando mais ou menos sol, mas a cor é a mesma. Felicidade é como respirar. Se você respirar de um jeito, vai respirar sempre igual, até o último suspiro e também não adiante procura-la aqui ou acolá porque ela não está lá fora, nem no passado e nem no futuro. Felicidade é esse estado inalterado de percepção da vida, inviolável durante as tempestades, os prejuízos e as perdas ou nos triunfos, conquistas e vitórias.Imutável quando nos aplaudem ou nos vaiam, é essa percepção sutil do Universo que somos, não de onde habitamos ou com quem. Ela é o seu próprio coração, ininterrupta e inalterável nos invernos e nas primaveras, na doença e na saúde, na riqueza e na pobreza, nas guerras e na paz, inseparável de você porque É VOCÊ. Mas costumamos confundi-la com alegrias passageiras, impermanentes e finitas, frágeis e temporárias dos fogos de artifício e das bolhas de sabão.