Com o que nos parecemos aos olhos do mundo? Essa é uma grande questão. Mas não é a mais importante.

Neste artigo quero chamar a sua atenção para o fato de que, no final das contas, é mais importante a forma como você se vê, do que a forma como o mundo o vê.

Isaac Newton, o grande cientista, deixou algo escrito a esse respeito: “Não sei o que pareço aos olhos do mundo, mas eu me vejo apenas como um menino, brincando à beira-mar, me divertindo ao encontrar, ocasionalmente, uma pedrinha mais lisa, ou uma concha mais bonita do que as demais, enquanto o grande oceano da verdade repousa, totalmente inexplorado diante de mim.”

Isaac Newton considerava pouco relevante o que o mundo pensava a seu respeito, mas de suma importância aquilo que pensava, porque esse pensamento determinava os seus atos e moldava o seu comportamento.

Diante de seus olhos, o cientista era uma criança explorando o universo, e um menino que tinha muito a aprender. Por isso, a sua vida foi dedicada às descobertas científicas tendo sido nada menos do que astrônomo, alquimista, filósofo, teólogo, cientista, físico, e matemático, em todos os seus dias.

Não houve um dia em que o espírito de busca e compreensão de verdades o deixou órfão porque ele cultivou uma auto-imagem favorável.

“Como você pensa, assim você é.”

O que você pensa a seu respeito determina a busca pela SUA verdade.
Não é o que o outro PENSA ou VÊ em você, mas como VOCÊ SE PENSA E SE VÊ.

Infelizmente podemos ser frutos de uma educação defeituosa que valoriza mais os nossos defeitos do que as nossas qualidades, e nesse caso, nos veremos como indignos.

Jamais nos reconheceremos na pureza da criança que explora o Universo, mas nos ENXERGAREMOS como seres espertos, egoístas, maus, e desprovidos de talentos e de habilidades porque na idade em que o caráter se forma, não encontramos a aceitação e a valorização das nossas virtudes.

Se Isaac Newton se RECONHECESSE INDIGNO, ele mesmo se negaria o acesso às revelações da infindável sabedoria de Deus, manifestada na natureza e na ciência. Mas porque ele creu na criança maravilhada, o Universo revelou-se a ele em muitas áreas inacessíveis a outros.

Os que se vêem como uma pessoa astuta, irão desenvolver a sua astúcia, mais do que outros atributos. Mesmo que o mundo encontre motivos para reverenciar um homem astuto, a visão que ele terá a seu respeito será muito desfavorável.

De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder de vista a grandeza da sua alma?

Charles Schulz, o cartunista norte–americano criador dos Peanuts– da turma do Snoopy e do Charlie Brown, foi o exemplo típico do ser humano portador de uma auto-visão desfavorável.

Charles Schulz alcançou fama, sucesso, e muito dinheiro. Adquiriu o reconhecimento da cultura universal e teve todos os bens que desejou. O mundo o considerava um vencedor. Era unanimidade.

Contudo, ao ler atentamente a sua biografia, o leitor verá que ele se via como uma pessoa sem méritos pessoais, e nada – e ninguém – conseguiu lhe incutir sentimento de valor.

Morreu solitário, lamentando-se profundamente por algo que não teve, e que nunca conseguiu identificar. A sua busca revelou-se infrutífera porque dentro dele havia um profundo desprezo por quem era.

QUEM SE DESPREZA NÃO SE ACHA E NEM SE ENCONTRA NO VERDADEIRO SENTIDO DA VIDA.

Tenderá a isolar-se do mundo e se sentirá sozinho, no meio de uma grande multidão. A visão do mundo abre as portas do mundo, mas de que valem as portas do mundo, se no interior há muralhas intransponíveis que nos impedem de usufruir aquilo que conquistamos?

Mais vale o pouco com paz do que o muito com guerra. Nessa guerra, o pior inimigo é aquele com o qual se terá que conviver o tempo todo: a sua própria pessoa.

Só a nossa cabeça pode nos impedir a leveza de alma necessária para o desempenho de uma vida plena, em paz consigo mesmo, com nossa fé, e com os homens.

Imagem de capa: Matva, Shutterstock

Ana Maria Ribas Bernardelli

Estudante de humanas-idades, cidadã do céu e da terra, escritora por compulsão, leitora de letras, de pontos, de reticências, e de linhas, interventora de paisagens, solitária por opção, gregária por necessidade, gosto de músicas, filmes em que só as pessoas acontecem, documentários, biografias, e todas as obras de Clarice Lispector e de Watchman Nee. Vivo a espiritualidade, sem religião. Não tenho afinidades com rituais e com scripts que se repetem. Amo a liberdade, os animais, as plantas, os velhos, as crianças, e todos os seres que se sentem estranhos no ninho. Fujo de superficialidaes, e não tolero nenhum tipo de injustiça, crueldade, ou tirania. Adoro a Deus e a ele quero servir. Escrevo para organizar a vida, para aguentar o tranco, e em cada texto meu, você me encontrará. Espero que eu também lhe encontre no meu email, no meu site, e nos meus endereços nas redes sociais. Feliz por estar com vocês!

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