Imagem de capa: lzf, Shutterstock
Nem sempre somos muito espertos em relação ao que deixamos entrar, passar, sair ou continuar em nossas vidas. Em geral, fazemos opções movidos pela emoção. E este, talvez, seja o maior e mais perigoso equívoco sobre o qual temos total e intransferível responsabilidade. Decisões precisam ser tomadas no plano da razão. Depois de tomada a decisão, aí sim, podemos nos emocionar com, e por ela.
Também não é muito do nosso feitio entender, assim de pronto, as coisas que nos acontecem. Corremos o grande risco de supervalorizar ninharias e menosprezar aqueles acontecimentos que de fato deveríamos entender como experiências de conhecimento, autoconhecimento e transformação.
Não raras vezes, o que nos modula é o quanto aquilo que nos acontece causa impactos imediatos em nossas vidas, em vez de buscarmos compreender que absolutamente tudo, tudo mesmo, se dilui e se ressignifica com o tempo. Também não é nada incomum termos percepções doloridas ou cheias de empolgação, baseados num estado de ânimo temporário, em vez de nos lembrarmos que é da nossa natureza a inconstância das emoções e da intensidade naquilo que sentimos.
Quantas vezes já não nos aconteceu de acharmos graça em algo que nos aconteceu no passado; e que, naquele momento parecia ser o fim do mundo, o fim da picada, o fim do fim? Quantas vezes já não nos arrependemos por não termos dado a devida importância à desolação de um amigo, só porque ele andava assim meio melodramático e aquilo já parecia ter virado um hábito a esgotar a nossa paciência? E, quantas outras vezes não nos lamentamos por termos esquecido de lembrar, que para cuidar de quem quer que seja precisamos, antes, estar inteiros, porque não adianta querer curar feridas alheias enquanto as nossas próprias feridas ainda sangram?
É… não é mesmo nada simples conviver. Também não é nada menos complexo viver com a nossa própria pessoa. E não há garantias de acerto, assim como não soam alarmes ou sirenes antes de cometermos algum erro, seja ele pequeno e corriqueiro ou terrivelmente grave. E, não, não há como escapar das coisas inesperadas e nem como prever o último dia de nada, nem de ninguém. Somos todos guerreiros travando batalhas pessoais, encarando novos desafios todo santo dia. E a batalha mais difícil não é aquela da qual ainda guardamos lembranças, arranhões e cicatrizes. A batalha mais difícil é aquela que a gente ainda não lutou!
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