Imagem de capa: Maksim Ladouski, Shutterstock
Você já se sentiu tento que passar no vestibular do amor?
Já se sentiu sendo avaliada para ver se cabia nos critérios amorosos de alguém, antes mesmo de olharem-se nos olhos, antes mesmo de chegarem mais perto?
Já sentiu tendo que mudar, tendo que se adequar ao que esperam de uma namorada (pessoa idealizada) ou ao que a sociedade considera como uma pessoa apaixonável ou, digamos assim, relacionável?
Já sentiu tendo que ser boa o suficiente em tantas coisas, da beleza física à carreira bem sucedida, para finalmente poder ser aceita no currículo amoroso de um ser humano que te interessou?
Você já sentiu se preparando para um envolvimento muito antes de ele realmente acontecer, mostrando suas ótimas qualidades em conversas de whatsapp, cuidando para não descontrolar na fala, escolhendo a melhor foto para estampar os ‘currículos’ espalhados nas redes sociais?
Já sentiu na pele a competição do mercado, a sorte de ter tido a chance de uma noite de ‘entrevistas’, se sentiu tentando equilibrar a vontade apaixonada de mergulhar com o cuidado para não assustar e perder a oportunidade daquela posição desejada?
Já se sentiu depressiva por não ter sido escolhida, ou culpada por não ter tido esperteza e jogo de cintura para agarrar com unhas e dentes uma pessoa que chegou tão perto mas partiu antes de te conhecer bem?
Afinal ninguém quer perder tempo com quem de cara não passa no vestibular do amor. Com tantas possibilidades no mundo, uma característica fora do lugar é previsão de desilusão, melhor nem tentar…
E a gente parece que vai vivendo esses pré-vestibulares, esses pré-relacionamentos por tanto tempo, nessa busca de querer entrar por inteiro e não ser escolhida. A gente se adapta, corre atrás ou a gente desencana?
Acho que essa coisa de ter que ser bom o suficiente mata a gente.
Pode ser que a gente consiga passar no vestibular do amor, mas e a necessidade de expandir a alma, e a vontade íntima de espalhar-se por inteiro, de trazer defeitos e encantos, dores e alegrias desde o começo?
E a beleza de um ser humano encontrando o outro profundamente, com todos os riscos, cheios de coragem, pelo olhar, pelo sentir, pelo abraçar antes de analisar o currículo?
Ultimamente eu só quero deixar o meu currículo amoroso o mais honesto possível, sem medo do que eu vou (ou não) encontrar. Está tudo lá: as minhas manchas de traumas, as minhas demissões e desajustes, as minhas experiências curtas e intensas, os meus cursos de idiomas estranhos, o meu coração mole e a minha vontade intacta de amar e ser amada.
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