Monika Jordão

Tenho saudade de me apaixonar

Imagem de capa: Ivanko80, Shutterstock

Quando penso em me apaixonar me dá até um frio na barriga. Será que é medo ou ansiedade? Sinceramente, não sei. Faz tanto tempo que não sinto nada. A última vez que me apaixonei foi há tanto que nem me lembro mais como é sentir as borboletas agitadas na boca do estômago. Será que tudo isso ainda é possível? Às vezes acho que não, acho que não sou apta ou merecedora de viver um amor de verdade. Não é carência ou drama, é dificuldade em me entregar. Tenho medo de colocar minha felicidade nas mãos de outra pessoa, entende? Tenho receio de encontrar um motivo muito importante para sorrir, perder tudo e não sorrir nunca mais. Me aproximo com cautela e, por fim, me afasto. É mais seguro.

A verdade é que tenho saudade de me apaixonar, preciso me permitir viver esse turbilhão de novo. Quero aguardar ansiosa a chegada dele, sorrir sozinha olhando para a foto no celular e desenhar corações do espelho embaçado do banheiro. Quero sonhar acordada, escolher a melhor roupa, ver filme debaixo do edredom e sentir a mão dele apertar a minha no cinema. Quero me importar com alguém, preparar o café forte e dizer o quanto me sinto feliz. Quero preencher o dia com boas lembranças e apagar de vez as dores que sangraram. Vou me reinventar, dar a volta por cima. Eu preciso.

Tenho saudade de ouvir música romântica e lembrar de alguém especial. Quero poder surpreender, presentear, acariciar e fazer planos ao lado de alguém. Quero sorrir no meio do beijo, olhar nos olhos e ver o outro por dentro. Quero sentir o abraço protetor, saber que não estou sozinha no mundo, ouvir o sussurro ao pé do ouvido, sentir a mão que acaricia o rosto. Quero ser o ponto alto do dia, o colo para o descanso, o abraço que reconforta, o beijo que revigora. Quero sorrir feito boba e achar que todas as músicas do rádio tocam por nossa história. Quero a passionalidade da paixão para poder mandar a racionalidade da solidão embora.

Tenho saudade de sentir a perna bamba. Porque, na verdade, viver sem amor é chato pra caramba.

Monika Jordão

Atriz, escritora e paulistana. Acredita que o papel reflete mais do que o espelho. Apaixonada por livros, futebol, tequila, café e Coca-Cola. Buscando sempre o equilíbrio emocional e os amores inesquecíveis.

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  • Deve haver algo sobrenatural entre os verdadeiros amantes incondicionais, pois ao ler, me vejo em cada palavra..
    parabéns por acreditar no amor e em tudo que ele proporciona..

  • Mas que palavras bonitas, moça.
    Um tanto tristes, mas, mais por você ter dificuldade em encontrá-las. Eu sei, pois sinto o mesmo, e acabei vindo parar aqui.
    Mas, acredito que hora ou outra encontremos, por acaso ou destino, alguém por quem valha ter coragem de doar-nos, ao menos, aos poucos, e lembrar o quão mais colorida se torna a vida :)

  • O texto é antigo, mas o sentimento é recente, sinto falta do mesmo, as vezes penso que esse sentimento é algo permitido somente a adolescentes, que eu, aos meus 26 anos, não tenho mais direito de passar por isto, mas no fundo não quero acreditar nisto, queria me apaixonar novamente, me sentir nervoso em um primeiro encontro, me pegar pensando em minha amada de forma inconsciente, realizar as coisas esperando nada em troca além de um sorriso sincero dela.
    Mas depois de muitos relacionamentos abusivos, eu perdi a fé ou simplesmente me acho imune a este sentimento ...
    Espero, espero mesmo, estar errado.

  • Me vejo em cada palavra, as vezes também me pego pensando que isso jamais acontecerá comigo novamente.

  • Infelizmente não acredito mais nesse sentimento que com certeza é a base de tudo. Me sinto saudosa deste sentimento e dessas sensações causadas por ele, mas essa dificuldade ou esse não saber como me entregar me distanciou desse desejo. Eu sempre me considerei romântica e sonhava com o príncipe encantado, mas quando acontece uma tragédia no meio do caminho o após é sobreviver num mundo pararelo, onde os pés caminham na terra tentando levar uma vida normal, enquanto a cabeça vive nos ares, no céu, num mundo desconhecido, buscando em algum lugar a pessoa que já não está desse lado.

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